Um dos parlamentares que mais defenderam a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara foi Isnaldo Bulhões (MDB-AL), amigo pessoal do paraibano. É justamente por essa proximidade com o favorito para ocupar o lugar de Arthur Lira (PP-AL), a partir de fevereiro, que deputados da base aliada do governo Lula têm afirmado que Bulhões será o “líder dos líderes” nesta nova legislatura. Isso quer dizer que ele atuará como uma espécie de braço direito do presidente da Casa.
Essa configuração de poder na Câmara agrada a aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bulhões é governista, simpático a Lula e joga com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), que, por sua vez, é compadre de Motta.
A ligação política com o clã adversário de Arthur Lira em Alagoas limitou a influência de Bulhões nos últimos anos. Mas esse ônus vai se tornar bônus, na avaliação de interlocutores de Lula, e, com isso, o líder do MDB na Câmara poderá articular mais a favor do Palácio do Planalto.
Bulhões já vinha fazendo a ponte entre o governo e a Câmara, principalmente na tramitação dos projetos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Agora, essa intermediação deve se intensificar. Não à toa ele foi escolhido neste mês como relator de uma das principais e mais polêmicas propostas do pacote de corte de gastos, a que tratava de mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), um salário mínimo pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência.
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