O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) acionou o Ministério Público por entender que um painel exposto na esquina da Avenida Paulista com a Consolação, em São Paulo, é uma manifestação antissemita. A imagem pede “Palestina livre, do rio ao mar”. De acordo com o Instituto Brasil-Israel, trata-se de uma expressão antissemita porque não reconhece a existência do Estado de Israel no território localizado entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
O artista que assinou a imagem é Kleber Pagu, produtor cultural e conselheiro suplente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Dez dias após a publicação da nota, a equipe do artista entrou em contato com a Coluna e afirmou que ele optou por remover a frase “do rio ao mar” em razão de “interpretações distorcidas que estavam sendo manipuladas para criar falsas tensões raciais”. “O artista reafirma que sua obra não visa questionar o reconhecimento do Estado de Israel nem promover sentimento antijudeu, também designado “antissemitismo”, afirmou a assessoria de imprensa.
A diretora-executiva do Instituto Brasil-Israel, Manoela Miklos, afirmou à Coluna que a demanda por um Estado palestino livre e soberano é legítima e necessária, mas, se o objetivo é a paz, palestinos e israelenses devem conviver do rio ao mar como cidadãos de Estados soberanos vizinhos.
“‘Do rio ao mar’ há dois povos. Qualquer ideia que pregue a existência de apenas um Estado nesta região, automaticamente prevê varrer um povo do mapa. Manifesta o desejo de que um dos povos deixe de existir ali. Por isso, a repetição do slogan é antissemita: esse discurso prega o fim dos judeus na região. Também, quando o governo Netanyahu fala sobre ‘a Grande Israel’, é um sinal extremamente preocupante”, disse Manoela.
Além de Kataguiri, a representação também é assinada por outros integrantes do Movimento Brasil Livre: o deputado estadual Guto Zacarias, o suplente Renato Battista e a candidata a vereadora Amanda Vettorazzo, todos do União Brasil.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.