O iminente anúncio do ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski como novo ministro da Justiça deflagrou um clima de insegurança na pasta, que ameaça, principalmente, a “República do Maranhão” — isto é, a equipe trazida por Flávio Dino de seu Estado natal e que não tem trânsito junto ao entorno do ex-magistrado.
Na manhã de segunda-feira, Lewandowski reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada e alegou a necessidade de autonomia para montar um time de sua confiança. Aliados do ministro aposentado dizem que ele não pode trabalhar sob a sombra de Flávio Dino, que vai assumir uma cadeira no Supremo.
Entre os servidores que vieram do Maranhão com Dino estão o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, e seu adjunto, Diego Galdino, além do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando de Souza. A permanência deles é considerada incerta se Lewandowski, de fato, tomar posse no Palácio da Justiça.
Cappelli foi secretário de comunicação do Maranhão quando Dino era governador. Galdino foi chefe da Casa Civil e Souza, por sua vez, comandou a superintendência da PRF no Estado.
Também não se sabe o futuro de nomes ligados ao PSB, como os secretários Augusto de Arruda Botelho (Justiça), Elias Vaz (Assuntos Legislativos) e Tadeu Alencar (Segurança Pública). Eles não são da República do Maranhão.
Botelho tem menos trânsito no partido que os colegas, mas conhece Lewandowski há décadas.
O único pedido de Lula na conversa com Lewandowski foi a manutenção do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. Bem avaliado pelo presidente e pela primeira-dama Janja da Silva, Rodrigues foi chefe da segurança do petista durante a campanha.
O secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous, é considerado da cota do PT e igualmente deve ser mantido no cargo.
Da futura equipe de Lewandowski, que só não será ministro em caso de uma reviravolta improvável, é dada como certa a escolha para a secretaria-executiva: o jurista Manoel Carlos de Almeida Neto, diretor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional. Ele é da confiança do ex-magistrado, o que Cappelli não é.
Ex-auxiliar de Lewandowski no Judiciário, Neto foi defendido pelo chefe para sucedê-lo no STF, mas o presidente Lula endereçou a vaga a seu antigo advogado pessoal, o hoje ministro da Corte Cristiano Zanin.
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