O deputado federal Eli Borges (PL-TO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, afirmou ser uma “boa medida” o governo de Luiz Inácio Lula da Silva demitir a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em um gesto que seria visto como de aproximação da bancada evangélica.
“Se o governo quer mesmo o respeito dos evangélicos, está aí uma boa medida, pois ela só arruma problemas contra as pautas conservadoras. Pela vida, pela luta contra doutrinação ideológica, seria uma boa iniciativa”, disse o deputado à Coluna do Estadão neste sábado, 2.
O estopim para a bancada de deputados ligados às igrejas foi a publicação e, em seguida, suspensão de nota técnica do Ministério da Saúde sobre procedimentos do aborto legal em qualquer período de gestação. Como mostrou a Coluna, integrantes do Centrão que sempre desejaram a pasta comandada por Nísia avaliam que a ministra acabará “entregando de bandeja” o cargo se continuar com pautas consideradas problemáticas para o governo. Não é a primeira vez que a bancada evangélica identifica pautas de costume nas ações do governo. Isso porque, como revelou a Coluna, há monitoramento de notas, portarias e decretos sobre o assunto.
O presidente da Frente Evangélica observa ainda que o presidente Lula tem propagado interesse em se aproximar da bancada evangélica na Câmara dos Deputados.
No entanto, até o momento, o parlamentar não viu ação concreta por parte do petista, embora o governo tenha apoiado a PEC que amplia a anistia para igrejas, aprovada por comissão da Câmara. “Essa aproximação não ocorrerá apenas com reuniões e, sim, com atitudes por parte do governo como respeitar a pauta da bancada”, disse. Eli Borges ressaltou que a bancada evangélica respeita o presidente Lula e o desejo do grupo é de que a pauta evangélica também seja respeitada por Lula.
Para os próximos meses, o governo vai enfrentar novo embate com evangélicos por causa da Plano Nacional de Educação, que já teve trechos apontados com viés ideológico por parlamentares.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.