A ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no evento Democracia Inabalada, nesta segunda-feira, 8, afagou o grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e segue a linha de outros líderes do Centrão, que por considerarem que é um ato político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também não compareceram. O governo, por sua vez, minimiza a ausência para evitar novo desgaste com o parlamentar. Lira alegou problemas de saúde na família.
“A ausência do presidente da Câmara fala por si só”, afirmou o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que foi líder do governo Bolsonaro, à Coluna do Estadão. Presidente do PP e correligionário de Lira, o senador Ciro Nogueira (PI) segue a mesma linha: “Achei correto, ele é presidente da Câmara, não líder do governo. O evento é totalmente do PT”, disse à Coluna.
Nos bastidores, a informação é de que o gesto foi calculado. Ao não comparecer, Lira evita chancelar o ato político organizado por Lula. Mas, para não deixar dúvidas de que mantém a defesa da democracia de forma institucional e condena o ataque aos três Poderes, ele foi às redes sociais e afirmou que “todos os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”.
Apesar de a ausência do presidente da Câmara incomodar a base aliada a Lula, que sempre cobra mais fidelidade de Lira ao governo após seu partido ocupar o Ministério do Esporte e indicar a presidência da Caixa, o governo considerou melhor relevar a ausência. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirma que não há qualquer sinal de crise na relação com o presidente da Casa.
“O período não ajuda, todos estão de recesso e com compromissos assumidos. Não vejo que isso seja motivo para abrir qualquer crise. Vamos continuar com a mesma relação, discutindo os projetos importantes para o país. Não vejo como sinal de crise com o governo”, minimiza o deputado.
Lira, como apurou o Broadcast/Estadão, avisou a Lula, no começo da noite de domingo, 7, que não poderá participar da solenidade desta segunda-feira. O deputado, que discursaria no evento, citou problemas de saúde na família e permaneceu em Alagoas.
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