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Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Lula acena à esquerda raiz e anima MST, que reinicia invasões do ‘Abril Vermelho’

Na semana seguinte ao encontro com o presidente Lula, Movimento dos Sem Terra já invadiu terras pelo menos quatro estados: RS, ES, BA e CE; em artigo publicado em seu site, MST pede ‘recursos massivos’ na reforma agrária e reforça: ‘nestes meses de março e abril, estaremos em jornadas de lutas’

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Foto do author Roseann Kennedy
Atualização:

Com a popularidade despencando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a acenar de forma mais incisiva a aliados históricos da esquerda raiz. Um dos gestos mais recentes animou o Movimento dos Sem Terra (MST), que agora espera colher frutos dessa relação e pressiona o governo com a retomada de invasões do Abril Vermelho.

Nos últimos dias, o movimento invadiu propriedades em pelo menos cinco estados: Bahia, Espírito Santo, Ceará, Paraná e Rio de Janeiro. E, na quinta-feira, 13, publicou em seu site um artigo com o título: “A colheita que queremos do Governo Lula”.


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O texto cobra “recursos massivos” para a reforma agrária e deixa claro que os integrantes do movimento não ficarão apenas no diálogo. “Nestes meses de março e abril, estaremos em jornadas de lutas pela Reforma Agrária”, diz a publicação com assinatura de Débora Nunes e Ayala Ferreira, dirigentes nacionais do MST.

No último dia 7, Lula esteve no acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG). Foi a primeira visita que fez no atual mandato. No local, o petista disse que “tem lado” e não “esquece quem são seus amigos”. Também anunciou que destinará 12.297 lotes para famílias acampadas em 138 assentamentos rurais e prometeu recursos. “Uma vitória importante, mas muito aquém da demanda represada pela Reforma Agrária”, ressalta o texto.

Quatro dias depois da visita, o governo mudou o orçamento de 2025 para incluir R$ 750 milhões em programas que beneficiam integrantes do movimento em duas frentes: para aquisição de alimentos da agricultura familiar e para o Fundo de Terras da Reforma Agrária.

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“Já estamos no terceiro mês do terceiro ano de mandato, chamado pelo próprio presidente Lula, como ‘o ano da colheita’. É necessário avançarmos nas desapropriações, e não é possível fazer desapropriações de terra se não houver orçamento ampliado”, destaca o artigo que considera “pífio” os valores para obtenção de terras e compara a atual gestão aos governos Bolsonaro e Temer. “Neste terceiro mandato de Lula, a política de reforma agrária tem se mostrado similar à de seus antecessores: não tem sido tratada como uma prioridade estratégica e estruturante para o país”.

“Faremos nossa parte, lutando contra o latifúndio, com a expectativa de que os próximos anúncios representem a verdadeira colheita que queremos do Governo Lula”, finaliza.

Presidente Lula ao assinar a criação do assentamento Quilombo Campo Grande em Minas Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

MST volta a invadir área da empresa Suzano Papel e Celulose no Espírito Santo

A retomada das invasões do Movimento Sem Terra surpreendeu nesta semana, principalmente depois de o movimento voltar a ocupar uma área da empresa Suzano Papel e Celulose na cidade de Aracruz, no Espírito Santo. Cerca de mil mulheres foram para o local na quinta-feira, 13, com o argumento de “denunciar crimes ambientais”.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota na qual condena a invasão em área de cultivo de eucalipto e ressalta que o ato viola a Constituição. Maior fabricante de celulose do mundo e uma das maiores produtoras de papéis da América Latina, a Suzano é associada a sindicato filiado à Fiesp.

Não é a primeira vez que o MST invade áreas da Suzano. Em 2023, o grupo invadiu três fazendas de cultivo de eucalipto da empresa, nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, no sul da Bahia. Os sem-terra só deixaram os locais com determinações judiciais.

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Também na quinta-feira, foram invadidas duas fazendas na região da Chapada Diamantina (BA), nos municípios de Nova Redenção e Boa Vista do Tupim.