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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer

Lula age para desgastar relação entre Tarcísio e Bolsonaro e afagar Republicanos

Governo federal recuou e vai tocar obra do túnel Santos-Guarujá em parceria com São Paulo; Marcos Pereira intermediou conversas para manter governador no partido

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Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidou nesta terça-feira, 30, mais um movimento avaliado em Brasília como sua estratégia para desgastar a relação entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao recuar da ideia de excluir o governo paulista da obra do túnel para ligar Santos ao Guarujá, Lula, em uma só tacada, conseguiu uma nova foto com o político visto como herdeiro do bolsonarismo e afagou o Republicanos, que integra sua base no Congresso.

No estilo “criar dificuldade para vender facilidade”, Lula avisou pelos seus interlocutores, nas últimas semanas, que o governo federal deveria construir a obra com menos participação da iniciativa privada e sem o governo de São Paulo. Mas, nesta terça, recebeu Tarcísio no gabinete para firmar a parceria com a gestão paulista. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) também participaram.

Lula e Tarcísio Foto: Ricardo Stuckert

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Tarcísio havia demonstrado irritação com a aparente decisão do Planalto de excluir sua gestão do projeto, até porque seu partido, o Republicanos, está à frente do Ministério de Portos e Aeroportos com Silvio Costa Filho. De acordo com interlocutores, o governador ameaçou deixar a legenda se isso de fato acontecesse.

O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, entrou em campo para mediar a relação de Tarcísio com o governo federal por meio do ministro Costa Filho. “O diálogo entre os diferentes, quando feito em prol do bem comum, sempre produz resultados positivos”, afirmou Pereira à Coluna do Estadão.

De olho em votos no Congresso, uma boa relação com a legenda de Tarcísio é do interesse do Executivo. Além disso, não agrada os bolsonaristas ver o governador de mãos dadas com o presidente Lula.

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Em dezembro, por exemplo, Tarcísio foi alvo de críticas de bolsonaristas pelo comportamento amistoso com o petista. O presidente quebrou o protocolo de evento no Palácio do Planalto e pediu um discurso do governador paulista na cerimônia que marcou o anúncio de investimentos do PAC. O ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro foi ao púlpito e afirmou que saía de lá com o cheque mais gordo, um gracejo visto entre políticos mais à direita como desnecessário.

Publicamente, no entanto, bolsonaristas negam que a interlocução de Tarcísio com o presidente Lula o afaste da direita. “De jeito nenhum”, disse à Coluna do Estadão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. “Tarcísio tem deveres institucionais a cumprir, somente isso”, minimizou ainda o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP).