O presidente Lula (PT) alimenta a militância de extrema esquerda ao elevar cada vez mais o tom contra Israel. Mas o tema causa problemas para o pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), sua principal aposta nas eleições municipais deste ano.
A campanha do psolista tenta mantê-lo afastado do assunto, enquanto integrantes do partido pressionam nos bastidores por manifestação pública da sigla e dele por ser líder da bancada na Câmara. Parte dos seus correligionários foi às redes sociais para defender as declarações de Lula. O deputado silenciou após o presidente comparar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.
A deputada Sâmia Bomfim (SP) classificou o discurso do presidente como “corajoso e necessário” e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu Netanyahu, como “agente do apartheid”. O deputado Glauber Braga (RJ) afirmou que Gaza sofre um “genocídio” e defendeu que a “comunidade internacional não pode diminuir a gravidade” do ocorrido.
O entorno de Boulos constatou que o tema já causou problemas na campanha dele no final do ano passado. O pré-candidato chegou a perder o apoio do ex-secretário de Saúde Jean Gorinchteyn por evitar uma condenação direta do Hamas pelos ataques terroristas em Israel. Após o episódio, Boulos passou a condenar o grupo, mas culpando os israelenses por agravarem o conflito.
O caso deu munição ao seu principal adversário, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é candidato à reeleição. Nunes passou a chamá-lo de “amigo do Hamas”, uma pecha considerada perigosa pelos aliados do psolista.
Esse é um dos motivos que fizeram Boulos abrir da função de líder do PSOL este ano. O cargo é o que dá mais visibilidade ao deputado, no entanto é também o que o deixa mais vulnerável por precisar entrar em temas que não são de interesse da campanha.
Para diminuir a vulnerabilidade com o tema, Boulos tem dito, quando questionado, que não é candidato a prefeito de Tel-Aviv, capital de Israel, e nem comentarista das falas de Lula.
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