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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia

Lula alimenta militância com discurso contra Israel mas cria problema para Boulos

Deputados do PSOL defendem que bancada federal se posicione a favor do presidente, o que pode ser explorado contra o deputado na sua campanha pela prefeitura de São Paulo. Boulos diz que não é comentarista de Lula ou candidato a prefeito de Tel-Aviv

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Foto do author Augusto Tenório

O presidente Lula (PT) alimenta a militância de extrema esquerda ao elevar cada vez mais o tom contra Israel. Mas o tema causa problemas para o pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), sua principal aposta nas eleições municipais deste ano.

A campanha do psolista tenta mantê-lo afastado do assunto, enquanto integrantes do partido pressionam nos bastidores por manifestação pública da sigla e dele por ser líder da bancada na Câmara. Parte dos seus correligionários foi às redes sociais para defender as declarações de Lula. O deputado silenciou após o presidente comparar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversa com o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

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A deputada Sâmia Bomfim (SP) classificou o discurso do presidente como “corajoso e necessário” e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu Netanyahu, como “agente do apartheid”. O deputado Glauber Braga (RJ) afirmou que Gaza sofre um “genocídio” e defendeu que a “comunidade internacional não pode diminuir a gravidade” do ocorrido.

O entorno de Boulos constatou que o tema já causou problemas na campanha dele no final do ano passado. O pré-candidato chegou a perder o apoio do ex-secretário de Saúde Jean Gorinchteyn por evitar uma condenação direta do Hamas pelos ataques terroristas em Israel. Após o episódio, Boulos passou a condenar o grupo, mas culpando os israelenses por agravarem o conflito.

O caso deu munição ao seu principal adversário, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é candidato à reeleição. Nunes passou a chamá-lo de “amigo do Hamas”, uma pecha considerada perigosa pelos aliados do psolista.

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Esse é um dos motivos que fizeram Boulos abrir da função de líder do PSOL este ano. O cargo é o que dá mais visibilidade ao deputado, no entanto é também o que o deixa mais vulnerável por precisar entrar em temas que não são de interesse da campanha.

Para diminuir a vulnerabilidade com o tema, Boulos tem dito, quando questionado, que não é candidato a prefeito de Tel-Aviv, capital de Israel, e nem comentarista das falas de Lula.

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