Enquanto tenta, pessoalmente, dissipar o mal-estar na relação entre o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou uma ofensiva em outra frente para azeitar as relações com o Centrão e tentar evitar derrotas na Câmara. A estratégia, posta em prática pelo líder do governo na Casa, José Guimarães (PT), envolve uma força-tarefa com os 19 vice-líderes governistas.
Eles foram convidados para um jantar, na noite desta segunda-feira, 22, na casa do deputado Emanuel Pinheiro Neto (MDB). Também são esperados os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsáveis pela articulação política do governo Lula.
“Eu sigo articulando com Padilha e com Rui Costa. São as idiossincrasias da política. Assuntos da área administrativa, demandas dos deputados, eu trato com o Rui Costa, pois ele coordena o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e há interesse dos parlamentares nos municípios. Com o Padilha, falo sobre as votações dos projetos na Casa”, disse José Guimarães à Coluna do Estadão.
O grupo de vice-líderes tem integrantes de 13 siglas. A ideia é que eles se envolvam diretamente no dia a dia das pautas do governo e ampliem a defesa das matérias em plenário. O Planalto também quer maior monitoramento das comissões que têm avançado nas pautas da oposição. A avaliação é que eles têm capilaridade para ajudar a convercer suas bancadas a votar com o Planalto.
O encontro acontece numa semana decisiva no Congresso, que se prepara para derrubar nesta quarta-feira, 24, o veto do presidente Lula aos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão no Orçamento deste ano.
“Temos que manter o veto e garantir o pagamento de R$ 3,6 bilhões, como acordado anteriormente. É o combinado. Cumprir acordos é o melhor caminho para não termos bola nas costas da Câmara para o Planalto ou vice-versa”, avalia José Guimarães.
Outra pauta importante que será discutida com os vice-líderes é a extinção do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).
“Não podemos fazer um Perse ad aeternum. Precisamos fazer um desmame. Não temos mais pandemia. O teto estabelecido é de R$ 15 bilhões. Quando acabar esse dinheiro, acabou o Perse. Acho que o ambiente está favorável a um acordo”, concluiu Guimarães.
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