O presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou auxiliares a pedirem à Petrobras cálculos exatos sobre o quanto a estatal pode distribuir de dividendos ainda em abril, mas sem comprometer a execução do seu plano de investimentos. Só com esses números em mãos, afirmam interlocutores, Lula vai chancelar ou não a distribuição de dividendos extraordinários, que está retida. Técnicos da empresa já começaram a reunir os dados, e uma reunião de integrantes do Conselho da Petrobras está prevista para esta sexta-feira, 5.
O Planalto controla a mãos de ferro os votos de seus representantes no Conselho da Petrobras, e, desta vez, pode orientá-los a votar pela remuneração extra aos acionistas na reunião do grupo prevista para 19 de abril. Da última vez, o governo pediu a retenção dos dividendos para tentar melhorar a capacidade de financiamento da Petrobras, garantindo a execução do plano de investimentos. A decisão frustrou o mercado financeiro, e as ações da empresa caíram.
O vento mudou após uma reunião entre os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), ocorrida nesta quinta-feira no Palácio do Planalto. De acordo com relatos, o chefe da equipe econômica argumentou pela distribuição extraordinária dos dividendos, até porque a União, enquanto acionista majoritária da estatal, precisa do dinheiro para o governo entregar a meta de déficit fiscal zero.
A argumentação de Haddad, que será levada a Lula para a decisão final, é que a Petrobras está com seu plano de investimento todo atrasado e, assim, não precisará de uma capacidade de financiamento tão elevada neste ano. Isso abriria espaço para a distribuição de dividendos extraordinários, o que também é uma demanda do mercado.