A cúpula do PT está prestes a fechar acordo com o PSB para apoiar a candidatura do deputado Luciano Ducci a prefeito de Curitiba. Embora uma ala do PT insista em lançar um nome de suas próprias fileiras na disputa, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, tem maioria na Executiva Nacional para aprovar o aval a Ducci.
A Coluna do Estadão apurou que Gleisi e integrantes do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, dirigido pelo senador Humberto Costa, já trataram do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele quer a aliança com o candidato do PSB, pois, na sua avaliação, Ducci tem mais viabilidade eleitoral.
Uma nova reunião da Executiva do PT está marcada para esta segunda-feira, 13, em Brasília, com o objetivo de homologar alianças municipais, mas o caso de Curitiba deve ser analisado em outro encontro. O PT ainda tem muitas pendências para resolver, como em João Pessoa e no Rio, onde o prefeito Eduardo Paes (PSD) prefere ter como vice o deputado Pedro Paulo, que é seu amigo e filiado ao mesmo partido.
Nos bastidores do mundo político, há rumores de que tanto no Rio como no Recife os atuais prefeitos, se reeleitos, tentarão concorrer aos respectivos governos de seus Estados, em 2026. Neste cenário, querem alguém muito próximo para deixar no cargo e têm olhado com lupa os nomes sugeridos pelo PT. Até agora, não há acordo e Lula precisou entrar nas negociações para conversar com Paes e com Campos.
O impasse também persiste em João Pessoa, capital onde o prefeito Cícero Lucena, filiado ao PP do presidente da Câmara, Arthur Lira, tentará novo mandato e aparece à frente nas pesquisas. Há uma briga interna no PT entre dois pré-candidatos à vaga e nenhuma resolução do partido. Já em Salvador tudo caminha para uma aliança dos petistas com Geraldo Júnior, do MDB.
Em Curitiba, os deputados Zeca Dirceu e Carol Dartora, ambos do PT, querem se lançar como candidatos, mas a possibilidade é considerada remota pela direção da sigla. Os defensores da chapa própria alegam que Ducci tem uma trajetória de centro-direita e se posicionou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. Ducci já foi prefeito de Curitiba e vice de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná.
Gleisi tem lembrado que o ex-tucano Alckmin também fez oposição ao PT e hoje é vice de Lula. A então senadora Marta Suplicy, por sua vez, votou pela destituição de Dilma – de quem foi ministra da Cultura –, saiu do PT e retornou neste ano ao partido para ser vice na chapa do deputado Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.
Diante dessas mudanças, Gleisi avisou aos colegas que o fator impeachment não pode ser critério para o fechamento de alianças. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, concordou com a deputada.
“Se forem ficar desenterrando cadáver, não funciona”, disse Siqueira à Coluna. “Tenho expectativa de que o PT decida apoiar nosso candidato em Curitiba, já que apoiamos o PT em várias capitais, como Fortaleza, Natal e Teresina, e em mais de uma dezena de outras cidades, entre as quais São Gonçalo, Contagem e Juiz de Fora”, completou ele.
Ex-senadora pelo Paraná, Gleisi também sonha em concorrer à cadeira de Sergio Moro (União Brasil-PR), com apoio do PSB, caso ele seja cassado. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, marcou o julgamento de Moro para a próxima quinta-feira, 16, antes de deixar o comando da Corte.
Ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, o senador é acusado de abuso do poder econômico e caixa dois na campanha de 2022. Foi absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, mas o PT e o PL de Bolsonaro recorreram da decisão ao TSE.
Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral se manifestou contra a cassação de Moro, sob o argumento de que não existe “prova clara e convincente”, e solicitou ao TSE a rejeição dos recursos apresentados pelo PT e PL. Moraes decidiu reservar mais uma sessão para conclusão do julgamento, no dia 21.
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