A fragmentação de candidatos à sucessão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve ser estimulada pelo Palácio do Planalto. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estiver com popularidade alta e a economia deslanchar em 2025, ano em que haverá troca no comando da Câmara e do Senado, a influência do governo sobre a disputa, nos bastidores, deve aumentar.
A avaliação é do analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Neuriberg Dias. Atualmente, o Centrão tem quatro pré-candidatos à cadeira de Lira: o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA); o vice-presidente da Câmara e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP); o líder do PSD, Antônio Brito; e o ex-ministro Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Como mostrou a Coluna, o PL, que tem a maior bancada da Câmara, com quase 100 deputados, também trabalha para lançar um candidato próprio. O nome citado é o do deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (SP), chamado no próprio partido de “Príncipe” por ser descendente da família real.
“Nessa pulverização de candidaturas surgem nomes que podem fragmentar o centro. Se o presidente estiver bem, o apoio do Planalto tende a pesar mais. Se não, a tendência é o governo colar no candidato que represente quem já está no poder”, avaliou Neuriberg Dias. “Dificilmente Lula vai declarar apoio (a um candidato), mas o governo deve estimular e fortalecer essa divisão”, completou.
O Planalto não assume qualquer articulação política para a sucessão no Congresso, embora a campanha esteja bastante antecipada. Para o analista político, a fragmentação de candidaturas ocorre porque os deputados sabem que dificilmente surgirá um “novo Lira” para unir a Câmara.
O atual presidente da Casa foi eleito em 2021, no primeiro turno, com 302 dos 513 votos. Lira conquistou novo mandato neste ano, com apoio de 464 parlamentares.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.