O governo quer promover um grande encontro com líderes evangélicos no começo de fevereiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabe que precisa se aproximar do segmento, que representa cerca de 30% dos eleitores e ainda resiste a seu terceiro mandato.
Na Conferência Eleitoral do PT, em 8 de dezembro, Lula mostrou preocupação com esse afastamento. “Como é que a gente vai chegar aos evangélicos?”, perguntou ele para a plateia. “Nós temos que aprender a conversar com essa gente, que é trabalhadora e de bem.”
O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, é um dos que têm procurado ajudar na tarefa. “Acho que devemos apostar na estratégia do diálogo, com a qual se constrói confiança, para entender quais são as preocupações”, disse Messias à Coluna. “Sempre podemos avançar mais. O presidente Lula já deixou muito clara sua disposição de ampliar esse diálogo.”
O ministro é frequentador da Igreja Batista. “Sou desde pequeno, quando não era moda ser evangélico. Minha mãe me levava aos cultos”, contou. Para ele, muitas das apreensões dos líderes religiosos, voltadas à família, são legítimas e devem merecer atenção do governo.
Pesquisas mostram que a maioria dos evangélicos ainda apoia o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Lula fala em se aproximar do segmento, mas vetou destaque aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias que evitava gasto do dinheiro público com políticas a favor do aborto e da ideologia de gênero”, criticou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vice-presidente da Câmara e integrante da bancada evangélica.
Levantamento do Ipec realizado na primeira semana de dezembro indica que os maiores índices de rejeição de Lula (35% de ruim ou péssimo) estão justamente no público evangélico. Agora, até mesmo bordões como “Glória a Deus!” são usados em propagandas do governo, como no vídeo do Bolsa Família que faz parte da campanha “O Brasil é um só povo”.
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