O presidente Lula encontrou no deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), futuro presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), seu novo interlocutor entre os evangélicos e o Republicanos, partido do Centrão que vai entrar no governo com a indicação do deputado Silvio Costa Filho (PE). O meio de campo, porém, tem prazo de validade: seis meses.
Esse é o curto período em que Silas Câmara ficará à frente da bancada evangélica, a contar a partir de agosto. No ano que vem, volta ao comando da frente parlamentar o deputado federal Eli Borges (PL-TO), bolsonarista e correligionário do ex-presidente que é rival de Lula.
O governo vê em Silas a possibilidade de uma ponte com os evangélicos, mas a tarefa é árdua. O próprio deputado já enfrenta forte resistência interna e até recuou de fazer um convite a Lula para participar de um culto da FPE na Câmara dos Deputados, no início de agosto.
Ex-líderes da frente afirmam que 80% do grupo não aceitam alinhamento com o governo. Os parlamentares evangélicos sabem que isso afetará negativamente seu eleitorado e o receio é maior entre quem tem pretensões na corrida municipal de 2024. Dessa forma, não é possível correr o risco de ter a imagem vinculada a Lula, neste momento.
Sendo assim, apurou a Coluna, Silas segue outro caminho e articula uma aproximação do presidente com lideranças evangélicas sem mandato. Ele quer promover encontros esporádicos entre petistas e pastores da ala menos resistente ao governo.
Em outra frente, o futuro presidente da FPE tenta, segundo interlocutores, apaziguar a bancada religiosa, principalmente do Republicanos, para frear descontentamentos com o embarque de Silvio Costa Filho na Esplanada.
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