O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca nesta quinta-feira (08) em Belo Horizonte, que deu vitória a Jair Bolsonaro em 2022, e vai anunciar a nova proposta do governo para destravar as melhorias na “Rodovia da Morte”, trecho da BR-381 que liga a capital mineira a Governador Valadares.
Após ninguém participar do leilão da rodovia em novembro, o Ministério dos Transportes proporá um modelo misto: a União constrói o trecho considerado mais perigoso, do qual a iniciativa privada foge pela dificuldade da obra, e concede o restante. As obras públicas poderiam começar antes mesmo do leilão de concessão. Lula autorizou. Falta apenas o respaldo do Tribunal de Contas da União (TCU).
O governo, porém, está tranquilo quanto à análise do tribunal: o relator da pauta na Corte é o ministro Antônio Anastasia, ex-senador e ex-governador de Minas, que mantém contato com lideranças do Estado e conhece os problemas da via.
De montante ainda incerto, o dinheiro para financiar a participação do governo federal nas obras da Rodovia da Morte poderá sair do próprio Orçamento da União, a partir de negociações entre Renan Filho e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; ou das indenizações que as empresas Vale, BHP e Samarco terão de pagar pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015.
Ainda não há certeza, porém, se o dinheiro da indenização poderia mesmo ser utilizado em obras rodoviárias. Uma consulta já foi feita à Advocacia-Geral da União (AGU). Em janeiro, a Justiça Federal determinou o pagamento de R$ 47,6 bilhões em indenizações, mas as companhias ainda podem recorrer da decisão.
Além de uma solução considerada definitiva para a BR-381, Lula vai anunciar no ato em BH o financiamento, por meio do PAC, de obras no anel rodoviário e de unidades do Minha Casa, Minha Vida. O presidente estará acompanhado dos ministros Renan Filho (Transportes), que lidera o projeto, e Alexandre Silveira (Minas e Energia), ex-senador por Minas Gerais. Também estarão na comitiva os ministros Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Esther Dweck (Gestão e Inovação).
O pano de fundo da atenção especial do presidente a Minas Gerais é a importância estratégica do Estado, um dos maiores colégios eleitorais do País e sob forte influência do bolsonarismo. Em 2022, os mineiros elegeram Romeu Zema (Novo) ao governo estadual e Cleitinho (Republicanos) ao Senado, ambos alinhados à direita.
Lula quer transformar Minas em palanques fortes e para si e aliados. Em BH, o pré-candidato do PT à prefeitura neste ano é o deputado federal Rogério Correia. Em 2026, o presidente pretende lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), como seu candidato a governador do Estado.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.