Rejeitada por um segmento importante do PT, a ex-senadora Marta Suplicy deixou claro à cúpula do partido, em reuniões recentes, que não pretende fazer uma autocrítica por ter votado para cassar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ex-ministra, ex-deputada e ex-prefeita, Marta voltou às fileiras petistas em fevereiro, após nove anos, para ser vice de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. No PT, havia quem esperasse de Marta um reparo às fortes críticas feitas ao partido no passado. Mas nada disso deve prosperar, de acordo com aliados.
Para a pré-candidata a vice-prefeita, a discussão sobre o impeachment de Dilma ficou no passado e não deve voltar à baila, nem para melhorar sua relação com a militância. Integrante da Executiva Nacional do PT, o dirigente Valter Pomar chegou a pedir formalmente a impugnação da filiação de Marta. Por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a solicitação foi arquivada. Procurada, a ex-ministra não comentou.
Hoje à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), na China, Dilma ainda não “engoliu” o tapete vermelho estendido por Lula para Marta voltar ao PT e integrar a chapa de Boulos. Justamente por isso, de acordo com articuladores políticos, o presidente não cogita pedir à sua sucessora no Palácio do Planalto uma bandeira branca com a “filha pródiga”, como a ex-senadora foi chamada em uma conversa recente nos corredores do Congresso.
Em 2015, Marta trocou o PT pelo MDB de Michel Temer, vinculou o PT à corrupção na Petrobras e apoiou a derrubada de Dilma. Chegou a oferecer flores a Janaína Paschoal, autora do pedido de impeachment, e chamou Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda, de o pior prefeito que São Paulo já teve.
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