O presidente do MDB na cidade de São Paulo, Enrico Misasi, é taxativo ao projetar o papel que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terá na campanha à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes: “Bolsonaro não é tutelado por ninguém, ele terá o papel que julgar importante, que pretenda ter. O ideal é que esteja envolvido na campanha”, afirmou em entrevista à Coluna do Estadão.
Perguntado se a condição continuará a mesma, caso Bolsonaro venha a ser preso em algum momento, Misasi disse não conseguir responder em hipótese, mas reforçou que o ex-presidente faz parte do time. “A gente fez uma composição política com Bolsonaro e o PL, não é uma composição para se envergonhar ou se esconder”.
O acordo sustentado nessa parceria é para o PL indicar o vice, mas o emedebista nega que haja imposição do nome. “Bolsonaro tem se mostrado muito aberto ao diálogo, nunca chegou com faca na garganta dizendo que vai ser fulano ou sicrano. Consideramos natural o PL indicar pelo tamanho que tem. Queremos construir juntos. Precisamos ganhar a eleição e o vice é uma peça importante”, afirmou.
O presidente do MDB sustenta que o nome sugerido para vice será testado em pesquisa e passará pelo crivo dos demais partidos da coalizão. “Numa chapa heterogênea é preciso mais diálogo. O mínimo denominador comum é ter gente que não quer entregar a cidade para o PSOL e o PT. Às vezes não chega num nome que agrade todo mundo, mas que consiga a maior coesão possível e agregue competitividade”, analisou.
Nesse sentido, Enrico admite que seria difícil compor com o secretário de Relações Internacionais da Prefeitura, Aldo Rebelo, pois isso geraria uma chapa puro sangue do MDB.
“A gente ainda não desistiu do PSDB”, diz presidente do MDB de Nunes
Apesar de Ricardo Nunes ter sido eleito vice na chapa do prefeito Bruno Covas, morto em 2021, o PSDB paulistano anunciou que não apoiará sua reeleição e avança nas negociações para compor com Tabata Amaral. Enrico, no entanto, diz que mantém conversas com o comando nacional da sigla.
“A gente ainda não desistiu do PSDB. Mantemos o diálogo e queremos o PSDB na frente ampla que estamos construindo. Estamos de portas abertas. Não há diálogo com José Aníbal (presidente municipal do PSDB), mas a pergunta é a seguinte: é o José Aníbal que vai ter a última palavra? Não estou deslegitimando, mas não sei se é a última palavra é dele”, observou.
A decisão tucana de não apoiar Nunes fez com que o PSDB perdesse todos os vereadores que tinha na capital paulista. Enquanto isso, o MDB cresceu recebendo o grupo. “Eles vieram para o MDB porque queriam continuar com Nunes. Não fomos atazanar ninguém”, destacou.
Como o próprio Enrico afirma, seu grupo politico “está fazendo a coisa do jeito MDB de ser”. Logo, apesar do desconforto no rompimento com os tucanos, afaga a sigla. “Não ter o PSDB significa não ter um parceiro que, embora possa estar agora fragilizado, a gente tem respeito e tem história”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.