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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia

Mercadante para a Petrobras sinaliza mais intervencionismo, avalia mercado

Jean Paul Prates está por um fio no comando da estatal, espera conversa com o presidente Lula e ironiza notícias sobre sua eventual demissão: “Jean Paul vai sair da Petrobras? Acho que após às 20h02. Vai pra casa jantar...E amanhã às 7h09 ele estará de volta à empresa, pois sempre tem a agenda cheia”, publicou no X

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Atualização:

A possibilidade de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ser transferido para o comando da Petrobras é acompanhada com apreensão no mercado financeiro, nesta quinta-feira, 4. A eventual confirmação de seu nome será vista como um sinal de vitória das teses intervencionistas que avançam no governo Lula.

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Economistas de grandes corretoras com atuação na B3, Bolsa de Valores de São Paulo, afirmaram à Coluna do Estadão que o perfil desenvolvimentista de Mercadante já causou preocupação mesmo à frente do banco de fomento, onde decisões equivocadas tem impacto menor e mais lento. Até porque, o BNDES é hoje uma instituição muito mais blindada que no passado.

No entanto, alertam, na Petrobras o efeito é sempre imediato e à flor da pele. Decisões estratégicas da estatal, que passam por exemplo por ampliação do plano de investimentos, divisão de dividendos e política de preços, afetam na mesma hora os valores dos ativos e geram desdobramentos sobre a economia.

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

O fato de o governo Lula enfrentar queda de popularidade amplia o temor de ações intervencionistas na política de preços, como ocorreu no passado. As tentativas de ingerência governamental sobre a Petrobras não são fatos isolados e causam arrepios no mercado financeiro até hoje. Na gestão Dilma Rousseff, a empresa acumulou prejuízos bilionários ao segurar reajustes de combustíveis para conter a inflação e permitir a redução artificial da taxa básica de juros pelo Banco Central (BC).

Tamanho o receio da escolha, alguns economistas disseram à Coluna preferir acreditar que se trata de um “balão de ensaio” do Palácio do Planalto. Ou seja, situação em que um nome é ventilado apenas para ver a reação. Não é essa, porém, a informação que circula no governo.

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O atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, está por um fio no cargo. Segundo interlocutores, ele não teria intenção de deixar o comando da estatal, mas aguarda uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos meses, Prates conseguiu um aliado de peso no governo, o ministro Fernando Haddad (Fazenda). Com isso, conseguiu se sustentar na vaga e se equilibrar entre os ataques de outros dois ministros que atuam nos bastidores por sua substituição: Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).

O presidente da Petrobras, ex-senador do PT, causou revolta no Palácio do Planalto após ter participado de uma reunião que decidiu pela retenção dos dividendos extraordinários da estatal, mas depois se abster na deliberação do Conselho da empresa sobre o assunto.

De acordo com relatos, Lula quer o fim do duelo entre Jean Paul Prates e Alexandre Silveira. E, no caso de troca, é fato que o presidente da República costuma realizar as mudanças na equipe de forma lenta e gradual. Foi assim com a substituição de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo, em julho, e com a minirreforma ministerial de setembro. Além disso, a sensibilidade de uma troca na Petrobras exige maior ponderação do governo.

E sobre todo o noticiário de sua eventual queda, o presidente da Petrobras reage com ironia: “Jean Paul vai sair da Petrobras? Acho que após às 20h02. Vai pra casa jantar...E amanhã às 7h09 ele estará de volta à empresa, pois sempre tem a agenda cheia”, publicou no X.

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