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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Ministro diz que imobiliária visitou assentamento do MST e desconfia de mandante por trás de crime

Para Paulo Teixeira, assassinatos têm ligação com tentativa de parcelamento de um lote de 70 mil metros quadrados que é bastante valorizado

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Foto do author Vera Rosa
Atualização:

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, desconfia da existência de um mandante poderoso por trás dos dois assassinatos ocorridos na noite de sexta-feira, 10, no assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em Tremembé (SP). O local tem alta valorização e representantes de uma imobiliária chegaram a fotografar um dos lotes, no ano passado.

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“Aquele ataque a tiros foi a tentativa de tomarem um lote de reforma agrária, que tem 70 mil metros quadrados, para parcelamento e especulação imobiliária”, disse Teixeira à Coluna do Estadão. É urgente esclarecer quem foi o mandante do crime.” Até agora, há apenas um suspeito preso. Outro homem foi identificado por moradores e teve a prisão preventiva decretada pela Polícia.

O ataque matou o líder do MST Valdir do Nascimento, de 52 anos, e também Gleison Barbosa de Carvalho, de 28, além de ferir outras seis pessoas. O enterro das vítimas ocorreu neste domingo, 12.

O assentamento Olga Benário está regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há 20 anos e sua localização é considerada estratégica, no Vale do Paraíba. A homologação do último lote saiu em dezembro do ano passado.

O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, abraça a sogra de uma das vítimas do ataque ao assentamento Olga Benário. Foto: Alex Silva/Estadão

Teixeira disse que, ainda em 2024, representantes de uma imobiliária estiveram no assentamento e tiraram fotos da área. De acordo com relatos de moradores do Olga Benário, no fim da tarde de sexta-feira, 10, dois homens apareceram no local e tentaram arrancar a bandeira do MST dali.

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Houve resistência, discussão e, por volta de 23 horas, um grupo de 30 pessoas retornou armado ao assentamento em cinco carros – incluindo uma caminhonete Amarok, já apreendida – e cinco motos. Como era tarde da noite, muitos estavam dormindo. O Olga Benário abriga aproximadamente 45 famílias, com muitas mulheres e crianças.

“É preciso desvendar quem é o mandante desse crime bárbaro e seus vínculos. Como mobilizaram tanta gente, em tão pouco tempo? Quanto usaram de recurso para isso?”, questionou o ministro do Desenvolvimento Agrário. “Trinta pessoas armadas demanda algum nível de organização. Ninguém faz isso sem ter um poder por trás”, completou ele.

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