O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, demonstrou-se assustado com a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ação de Israel em Gaza ao Holocausto nazista. Em conversa com a Coluna do Estadão, Zonshine disse que são palavras preocupantes. Afirmou, porém, que não haverá ruptura na relação entre os dois países. “A relação política é importante, mas não é a única. São vários setores envolvidos: economia, tecnologia, defesa, por exemplo. Não cortamos relações, mas a corda está frágil”, admitiu.
Zonshine observou, porém, que há níveis de desconforto e ações para mostrar o tamanho do inconveniente diplomático. Neste momento, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, convocou o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para “uma dura conversa” com o ministro de Relações Exteriores israelenses, Israel Katz. Daniel Zonshine continua no Brasil aguardando as orientações de Netanyahu. Um chamado para ele retornar de vez ao país, significaria rompimento das relações diplomáticas, mas isso não ocorreu ainda.
Para Zonshine, a ação e as declarações de Netanyahu, além das manifestações de outras nações e órgãos internacionais mostram a gravidade da fala de Lula. “Foi uma coisa fora da linha. Meu sentimento se coaduna com o que foi dito pelo primeiro ministro”, destacou.
Nos bastidores, integrantes da diplomacia israelense dizem que o mal estar é crescente e consideram que as afirmações de Lula expõem ignorância do presidente brasileiro sobre o conflito em Israel.
Neste domingo, 18, Lula fez um paralelo entre a morte de palestinos com o extermínio de judeus feito pelo líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler. Durante o regime nazista, que ocorreu entre 1933 e 1945, 6 milhões de judeus foram mortos.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula. Ele também afirmou que a ofensiva israelense promove um genocídio.
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