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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia

O que a CGU disse para empresas que tentam renegociar multas da Lava Jato

O governo alertou, no entanto, que isso vale só para a parte do dinheiro devido à União -- e que deve haver discussão sobre o montante que deve ser pago para as empresas lesadas, como Petrobras e Eletrobras.

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Foto do author Beatriz Bulla
Atualização:

A primeira reunião entre advogados de empreiteiras e representantes da Controladoria-Geral da União (CGU) para renegociar os acordos de leniência assinados durante a Operação Lava Jato aconteceu nesta terça, 12, em Brasília. Segundo duas fontes que participaram do encontro, os membros da CGU indicaram que as companhias vão poder usar o prejuízo fiscal para abater valores da multa a ser paga para a União nos acordos de leniência. Isso significa que empresas poderão usar crédito tributário existente para quitar parte da multa.

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O governo alertou durante a reunião, no entanto, que isso vale só para a parte do dinheiro devido à União. No caso do que é devido às empresas lesadas, como Petrobras e Eletrobras, o governo vê maior dificuldade em usar o prejuízo fiscal. Deve ser o objeto de debate com as empresas em abril.

Os acordos de leniência assinados pelas empreiteiras durante a Lava Jato previam multas que iriam ressarcir cofres públicos e também entes lesados. O que a União tem a receber, portanto, pode aceitar através do abatimento de prejuízo fiscal. O mesmo não acontece no caso das empresas que foram prejudicadas pelos atos de corrupção. A CGU não está convencida da viabilidade nesse quesito.

Prédio da Odebrecht em São Paulo; a empreiteira é uma das empresas que renegocia o acordo de leniência com o governo. Foto: Jf Diório/ Estadão

A CGU pediu que as empresas preparem, cada uma, sua proposta de renegociação da leniência, e as companhias serão chamadas para uma reunião individual com o órgão durante o mês de abril para discuti-la. O governo federal tentará, a partir de então, padronizar os acordos e traçar uma linha comum nas propostas.

Representantes das empresas relataram à Coluna do Estadão que sentiram grande disposição da CGU em encontrar uma fórmula de conciliação com as empreiteiras.

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A reunião durou cerca de duas horas. Os trabalhos foram abertos pelo ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, que deixou o encontro no meio dos debates e foi representado pelo Secretário de Integridade do órgão, Marcelo Vianna.

Como o Estadão revelou em 2022, sob argumento de que estão em sérias dificuldades financeiras, empreiteiras que concordaram em pagar bilhões ao erário pelos desvios confessados tentam repactuar os débitos – seja em relação ao valor ou às condições de pagamento. No último dia 26, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que órgãos públicos e empresas que fecharam acordos de leniência têm 60 dias para chegar a um consenso sobre os pactos.

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