Ao pautar a votação da prisão do deputado Chiquinho Brazão (RJ) para esta quarta, 10, sem ter sinais claros sobre seu resultado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou que fez sua parte para que a Casa não passe a imagem de conivência com o colega, preso preventivamente como acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco. Além disso, apontou que não vai mais segurar a deliberação e que respeitará a soberania do plenário. Ou seja, caberá às partes interessadas correrem atrás dos votos para manter ou revogar a prisão do parlamentar.
Na Câmara, há o entendimento de que matérias não entram em votação quando correm o risco de serem derrotadas. Os líderes avisaram a Lira que não há sinalização clara por parte das suas bancadas, o que não garante os 257 votos necessários para a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão. O presidente da Casa fará uma última consulta no final da tarde desta quarta-feira, após a detenção ser votada na Comissão de Constituição e Justiça, para avaliar o cenário.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o relator da prisão de Chiquinho Brazão, Darci de Matos (PSD-SC), esteve com Lira cedo e defendeu que a votação ocorresse na própria quarta-feira. O temor é que o Centrão esvazie o plenário caso a sessão ficasse para a quinta-feira, como forma de salvar o deputado. O grupo entende que a manutenção da detenção possa abrir precedentes para outras prisões preventivas, mesmo que por outros crimes.
Os únicos partidos que devem aderir em peso à manutenção da prisão são: o PSOL, legenda de Marielle, a federação PT-PCdoB-PV, o PSB e o PSD, que é a sigla do relator do caso. No restante, há dúvidas. No PL, por exemplo, há resistência porque a prisão foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Uma ala da legenda bolsonarista, porém, defende manter o colega preso porque ele votou contra a uma parte do partido deve votar pela manutenção da prisão do deputado.
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