PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Oposição prepara novo embate com Lira e obstrução da pauta econômica

Líderes afirmam que movimento para paralisar votações permanece na Câmara, mesmo após Lira impor derrota com ajuda da bancada do agro

PUBLICIDADE

Foto do author Augusto Tenório

A oposição tentará novamente travar a pauta da Câmara e atrapalhar a agenda econômica do governo Lula. O grupo busca reunir forças após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), desarticular a obstrução promovida na semana passada, quando pôs em votação um projeto de interesse do agronegócio, obrigando a bancada do setor a abrir o plenário para aprovar o texto.

PUBLICIDADE

Adversários do governo dizem agora que Lira não poderá usar a mesma estratégia, uma vez que as propostas previstas para entrar na pauta, nos próximos dias, são de interesse exclusivo do Palácio do Planalto.

O governo quer aprovar logo os projetos de tributação de offshores e também o marco de garantias, de olho no aumento da arrecadação. Nos bastidores, líderes de oposição afirmam que este será um teste para mostrar o real poder de articulação de Lira – expoente do Centrão – quando seus interesses não estão alinhados ao agronegócio.

Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne muitos filiados ao PP de Lira, asseguram que retomarão a obstrução dos trabalhos até que as demais bancadas, como a evangélica, sejam contempladas. Mesmo depois de ganhar o Ministério do Esporte, desalojando Ana Moser, o PP continua a ser um partido dividido.

Lula quer votar projetos para aumentar a arrecadação e Lira enfrenta nova ameaça de obstrução na Câmara  Foto: Foto: Wilton Junior/Estadão

A tentativa de paralisar o Congresso é patrocinada pela oposição para se contrapor a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou a tese do marco temporal das terras indígenas e tem na agenda temas como a descriminalização do aborto e das drogas.

Publicidade

Na semana passada, Lira e o Palácio do Planalto desarticularam o movimento de obstrução ao pautar um projeto que abria crédito extraordinário para a agricultura. Diante dessa jogada, a bancada do agro se viu obrigada a romper a paralisação e votar o texto.

O governo tem pressa, pois precisa aprovar medidas que aumentem a arrecadação para atingir a meta fiscal. O líder da Oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), continua dizendo, porém, que a orientação é para travar a pauta até o Congresso fazer a “devida reação” ao Supremo.

Sob o argumento do “equilíbrio entre os Poderes”, os conservadores também tentam emplacar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite ao Congresso derrubar decisões não unânimes da Corte.

As bancadas que promovem a obstrução têm uma reunião marcada para esta terça-feira, 3, a fim de definir os próximos passos da estratégia.

A reação ao Supremo ocorre porque a Corte, recentemente, entrou em diversos temas considerados delicados para o grupo. Nos últimos meses, o STF autorizou, por exemplo, a desapropriação de terras produtivas sem função social, derrubou a tese do marco temporal de territórios indígenas, deu aval à volta do imposto sindical e iniciou os julgamentos sobre descriminalização das drogas e do aborto para gestantes com até 12 semanas de gravidez.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.