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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia

Os tentáculos de Alcolumbre na Caixa: senador aumenta influência em estatais

Além de ocupar vaga em conselho da Pré-Sal Petróleo S/A, chefe de gabinete do parlamentar é conselheira na Caixa; Ana Paula Magalhães ressalta ser servidora pública e cumpre os critérios legais para os cargos comissionados; Caixa diz que composição dos conselhos segue estatuto e é pautada pela governança

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Foto do author André Shalders

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) espalha sua influência em empresas estatais por meio de sua chefe de gabinete, Ana Paula de Magalhães Albuquerque Lima. Além de integrar o Conselho de Administração da Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), como mostrou a Coluna do Estadão, ela também está em outra grande empresa pública: a Caixa. Por meio da assessoria do senador, Paula ressaltou que é servidora pública e cumpre os critérios legais na nomeação nos cargos comissionados. A Caixa afirmou que a composição dos conselhos do banco e de suas subsidiárias segue os estatutos e é pautada pela governança.

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O chefe de gabinete de Alcolumbre foi aprovada pelo Comitê de Pessoas do banco público, em 21 de maio deste ano, como integrante do Conselho Fiscal da Caixa Loterias S.A, o braço de apostas da empresa. A votação foi unânime. Formada em Psicologia, Ana Paula é especialista em orçamento público. Nos bastidores do Congresso, a servidora é apontada como a principal responsável pela gestão das emendas parlamentares do senador. Perguntada sobre essa atuação, a servidora não respondeu.

No ambiente político, porém, sua indicação ao conselho chamou atenção especialmente porque, entre as várias atribuições, a Caixa atua na operação e fiscalização dos convênios da União com prefeituras, inclusive aqueles que são financiados por emendas parlamentares. Embora a servidora esteja no braço segmentado das apostas.

Davi Alcolumbre com Marcelo Castro (MDB-PI, de costas) no Plenário do Senado  Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A Coluna do Estadão perguntou à Caixa sobre o período de mandato de Ana Paula e o salário recebido por ela como integrante do Conselho, mas a estatal não prestou as informações até a publicação deste texto. Respondeu apenas que “as indicações para composição dos conselhos do banco e de suas subsidiárias seguem o disposto nos respectivos Estatutos Sociais e são pautadas pela governança”.

Até março de 2023, no entanto, os rendimentos dos integrantes do Conselho eram de R$ 59.870,16 por ano, ou R$ 4.989,18 ao mês. Como integrante do Conselho de Administração da PPSA, Ana Paula recebeu R$ 9.794,88 adicionais em junho deste ano. O valor se soma a R$ 3.173,40 líquidos do gabinete de Alcolumbre no mesmo mês e mais R$ 27.576,27 recebidos da Câmara como servidora efetiva, além de R$ 1.393,11 em auxílios. Se o valor do Conselho Fiscal da Caixa Loterias continuar o mesmo, os rendimentos de Ana Paula chegam a R$ 46.896,84.

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A Coluna procurou Ana Paula por meio da assessoria de imprensa de Alcolumbre. “Sou servidora pública concursada desde 1988 e recebo as remunerações dos cargos para os quais sou nomeada, respeitando todos os critérios legais, inclusive dos cargos comissionados que demandam muitas responsabilidades e atribuições”, disse Ana Paula.

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