Ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) fez nesta terça-feira, 15, uma inflexão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apenas seis dias após dizer que o governo do PT é antissemita por não querer fazer negócios com Israel. O pastor representou a bancada evangélica na cerimônia de sanção do projeto de lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel, revelou que reza por Lula e o chamou de “meu presidente”.
“Presidente, se aproxime sem reserva. Se aconchegue. Tem lugar na mesa do Pai para termos comunhão. Gostando ou não politicamente de Vossa Excelência, não temos outra opção pela Bíblia a não ser orar por vossa excelência”, afirmou o parlamentar. “Quis o destino que eu, um dos mais combatentes defensores do antigo governo e seu crítico político, estivesse aqui hoje”, acrescentou.
Apesar dos recentes movimentos de Otoni de Paula em direção ao pragmatismo, o tom do deputado surpreendeu auxiliares do palaciano, que já o veem como possível ponte entre o governo federal e o mundo evangélico. Nas eleições municipais, o parlamentar apoiou no Rio a reeleição de Eduardo Paes (PSD), enquanto o bolsonarismo lançou Alexandre Ramagem (PL).
Antes de entoar ao lado da petista Benedita da Silva os versos de “Faz um milagre em mim”, do cantor gospel Regis Danese, o deputado federal fez questão de ressaltar os acenos de Lula ao mundo evangélico, como a gestão do Dia Nacional da Liberdade Religiosa, no primeiro governo.
“A maioria dos evangélicos talvez não tenha votado em Vossa Excelência. Mas, mesmo assim, talvez estejamos entre os brasileiros mais contemplados pelos programas sociais do seu governo”, seguiu Otoni, repetindo justamente a fórmula defendida pelo PT para aproximar Lula dos religiosos. “Eu quero encerrar dizendo que é graças a visão social de seus governos que essa gente humilde, de Deus, tem condições de comer graças ao Bolsa Família e onde morar graças ao Minha Casa Minha Vida.
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