O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avisou a interlocutores que a ofensiva da oposição, que o chamou até de “frouxo” por permitir busca e apreensão no gabinete do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), não mudará seu jeito de presidir a Casa. Emissários do chefe do Legislativo dão o tom do que Pacheco dirá aos pares: parlamentares têm foro privilegiado mas não estão imunes a investigações e a responder por crimes cometidos.
O aviso é dado num momento em que a oposição se prepara para tumultuar os trabalhos no Legislativo na retomada do Congresso, após o recesso, em fevereiro.
Pacheco também sinaliza nos bastidores que os ataques não vão influenciar na sua relação com o Planalto. Isso derruba a expectativa de que ele poderia se aproximar mais do governo Lula por causa do ocorrido.
Segundo interlocutores, Pacheco enxerga que a suposta espionagem ilegal feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante a gestão de Ramagem no comando do órgão, é um tema de polícia de Justiça. Mas vê na oposição um esforço para transformar o tema em assunto institucional. Para o senador, uma crise artificial entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) pode desviar o foco da suspeita do cometimento de um crime.
Presidente do PL chamou Pacheco de “frouxo” e “omisso”
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, criticou a operação da Polícia Federal e afirmou que a ação tinha como objetivo atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse que Pacheco era “frouxo” e “omisso” por permitir diligências no Congresso e por não dar andamento ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a realização da operação.
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