Em uma tentativa de reagir à articulação internacional da direita, parlamentares do Brasil e dos Estados Unidos alinhados ao centro e à esquerda escreveram uma carta conjunta em defesa da democracia, endereçada às autoridades dos dois países.
No Brasil, o texto foi entregue nesta quarta-feira, 22, ao presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), e aos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também receberia o documento, mas precisou desmarcar o encontro.
Leia também
A iniciativa é liderada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Do lado americano, assinam os deputados Jamie Raskin e Sydney Kamlager-Dove, do partido Democrata, do presidente Joe Biden. O grupo se reuniu no início de maio em Washington, em encontro promovido pelo Instituto Vladimir Herzog.
A Coluna do Estadão teve acesso a um trecho da carta. Os parlamentares signatários expressam preocupação com os ataques coordenados contra instituições democráticas ao redor do mundo, e estabelecem um paralelo entre a invasão do Capitólio, ocorrida nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, e os atos golpistas em Brasília do 8 de janeiro de 2023. A carta prega união internacional para combater o discurso de ódio, a disseminação de desinformação e o avanço do autoritarismo.
O movimento de Eliziane vem após uma série de movimentos da direita. No início do mês, parlamentares bolsonaristas como Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram a Washington, nos Estados Unidos, defender que o Brasil enfrenta “violações da liberdade de expressão”.
Além disso, na semana passada, lideranças internacionais da direita radical reuniram-se em Madri na cúpula Viva 2024. Durante o encontro, o presidente da Argentina, Javier Milei, referiu-se à primeira-dama espanhola como “corrupta” e criou uma crise entre os dois países.