A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, mostrando que a popularidade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva despencou, dá força a governistas que avaliam que o principal problema do atual mandato petista é político e de gestão, e não de comunicação. O porcentual de eleitores que classificam o governo como ótimo ou bom passou de 35%, em dezembro, para 24%, em fevereiro.
Lula nomeou o publicitário Sidônio Palmeira como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em janeiro deste ano com a missão de estancar a queda na popularidade de seu governo. Ele foi o marqueteiro responsável pela campanha eleitoral vitoriosa do hoje presidente em 2022. Sidônio assumiu o lugar que era de Paulo Pimenta, deputado federal petista com pouca experiência na área.
O presidente iniciou o processo de “fritura” que culminou na demissão de Pimenta com uma declaração pública sobre reparar erros na comunicação. “Eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame que não está se comunicando bem”, declarou ele em evento do PT no começo de dezembro.

Agora, com Sidônio na Secom, o presidente e seus principais auxiliares retomaram o discurso que venceu a eleição em 2022. A orientação do publicitário é, em todas as oportunidades, colocar o governo Lula em comparação com a gestão anterior, de Jair Bolsonaro.
A análise de aliados de Lula de que o governo tem problemas maiores do que a comunicação não é uma absolvição a Pimenta. A leitura seria de que a área tem grandes gargalos, mas que dificuldades políticas e de gestão são ainda maiores. Por essa linha de raciocínio, esses seriam os óbices determinantes para a queda da popularidade do presidente.
É praticamente consenso no entorno do chefe do Executivo, por exemplo, que a inflação dos alimentos está entre os principais motivos para a erosão do capital político de Lula. Também há dificuldades para elaborar projetos para áreas sensíveis. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) relacionada à segurança pública foi anunciada há meses e ainda não chegou ao Congresso. O projeto para isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil está na mesma situação.
No fim de janeiro, pesquisa Quaest mostrou a aprovação do governo numericamente mais baixa do que a desaprovação pela primeira vez no atual mandato petista. Uma nova redução na popularidade de Lula era aguardada pelo Palácio do Planalto, mas, ainda assim, os números do Datafolha representaram um baque no governo.