A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que Fabio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, possa ter participado da operação de recompra do Rolex vendido por aliados do ex-presidente nos Estados Unidos. Ele nega. Uma conversa interceptada pela investigação mostra Wajngarten discutindo com o coronel Mauro Cid uma forma de “se antecipar” à iminência de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que, nos dias seguintes, determinaria a Jair Bolsonaro a devolução do relógio. O Rolex era um presente que Bolsonaro ganhou enquanto presidente do governo da Arábia Saudita.
À Coluna, Wajngarten afirmou que nunca teve conhecimento de que o relógio tinha sido vendido nos Estados Unidos. “A minha orientação foi antecipar-se à decisão do TCU de entregar. Antecipar-se e entregar ao TCU”, explicou o secretário.
A conversa entre Wajngarten e Mauro Cid aconteceu no dia 15 de março. O relatório da PF entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) destaca o seguinte trecho: “MAURO CID diz: “parece que vão cassar a decisão do Augusto Nardi”. FABIO WAJNGARTEN responde: “Vao mesmo. Por isso era muito melhor agente [sic] se antecipar”.
“Antecipar”, para a PF, resultou na operação que destacou o advogado de Bolsonaro Frederick Wassef para ir aos Estados Unidos recomprar o Rolex, que foi entregue ao TCU após uma decisão do tribunal de Contas. Quem vendeu o relógio nos Estados Unidos foi o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid.
No PL, o envolvimento de Wajngarten nas investigações caiu mal e lideranças do partido afirmam que, agora, ele reúne poucas condições de ser o candidato a vice-prefeito em São Paulo na chapa de Ricardo Nunes (MDB), que buscará a reeleição no ano que vem. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, quer indicar outro nome para a composição com o atual prefeito.
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