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Planalto demite servidor que cuidava do acervo pessoal de Lula e coloca amigo de Janja no cargo

Substituição ocorreu após intervenção de primeira-dama em montagem de exposição sobre história do presidente; governo não comenta

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Foto do author Daniel  Weterman
Atualização:

O Palácio do Planalto trocou o servidor responsável por cuidar do acervo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O historiador Claudio Soares Rocha foi substituído por Jackson Raymundo, amigo da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e até então secretário-executivo do Conselho Nacional de Educação. Procurados, o gabinete de Lula e a assessoria da primeira-dama não se manifestaram.

A Diretoria de Documentação Histórica (DDH) fica no gabinete pessoal de Lula, no Palácio do Planalto, e é responsável por organizar o acervo privado do presidente, incluindo os presentes recebidos e as cartas que chegam para o presidente.

Jackson Raymundo, novo diretor da Diretoria de Documentação Histórica (DDH) da Presidência da República, à direita, e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, no centro. Foto: @jacksonraymundo via Instagram

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Sem cargo formal no governo, Janja tem influência na gestão desde que Lula assumiu o mandato, em 2023. A primeira-dama dá palpites em ações do Poder Executivo e tem uma equipe informal com pelo menos 12 pessoas à disposição dela, mas sofreu baixas com a ida do marqueteiro Sidônio Palmeida para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), onde tinha interferência.

A ida de um aliado para cuidar do acervo pessoal de Lula ocorre no momento em que o Palácio do Planalto tenta fazer uma acomodação para abrigar apadrinhados da primeira-dama após a troca na Secom.

Exonerado do cago, Claudio Soares Rocha é aposentado do governo federal e cuidou dos acervos de José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff. Em 2023, foi chamado pelo petista para trabalhar novamente na função.

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A substituição ocorreu após o Planalto organizar uma exposição sobre a história de Lula, que foi colocada no terceiro andar do prédio – o mesmo onde fica o gabinete presidencial – em uma mesa-vitrine destruída nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Um dos itens expostos é uma camisa preta e branca usada por Lula quando era dirigente sindical.

Em uma conversa com Janja, segundo relatos feitos ao Estadão, Rocha citou que a vestimenta havia sido guardada a pedido da ex-primeira dama Marisa Letícia, morta em 2017. Após o diálogo, ele foi comunicado da demissão. A atual primeira-dama mostrou a camisa para Lula ao inaugurar a exposição (veja o vídeo abaixo).

A exoneração de Claudio Rocha foi publicada “a pedido” no Diário Oficial da União na última sexta-feira, 24, que ocorre quando o servidor pede para ser exonerado. No mesmo dia, Raymundo – o amigo de Jaja – comunicou colegas do Ministério da Educação que estava deixando a pasta para assumir a nova função. A nomeação do novo diretor foi oficializada na segunda-feira, 27. Raymundo é servidor de carreira da Universidade de Brasília (UnB).