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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Pochmann no IBGE integra pacote do PT que inclui Guido Mantega na Vale e mudanças na Petrobras

Ala mais à esquerda do partido quer aumentar o papel do Estado na economia e resgatar nomes rechaçados no mercado financeiro

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Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

A confirmação do economista desenvolvimentista Marcio Pochmann para comandar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é mais do que um caso pontual. Integra, na verdade, um pacote da ala mais à esquerda do PT que batalha junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por mais espaço do partido em postos econômicos. Gente de peso e influente junto ao governo quer indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para ser diretor-presidente da Vale - o que precisaria ser negociado junto ao conselho de administração da empresa - e, ainda, promover mudanças o quanto antes na diretoria da Petrobras.

Marcio Pochmann, o próximo presidente do IBGE.  Foto: HELVIO ROMERO

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Essa ala mais à esquerda do PT tem diferenças com o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que hoje, porém, é uma das figuras mais influentes junto a Lula. O grupo tem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como uma de suas principais expoentes. Tentou manter a desoneração dos combustíveis e afrouxar a proposta de arcabouço fiscal, mas acabou vencido pela articulação do ex-prefeito de São Paulo. Com pouco espaço na Fazenda, tal ala do PT quer cadeiras para pôr em jogo sua corrente econômica em defesa do Estado como o primeiro propulsor da atividade nacional.

Outro ponto defendido por esses petistas é retirar de qualquer instância com o mínimo de digitais do governo figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Na visão de parte do PT, esse seria o caso do atual diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. À Coluna, a Vale destacou que o diretor-presidente da empresa é um funcionário de carreira e, antes de ser nomeado no cargo, estava no Canadá.

Desafio de encaixar Mantega é o mais complexo

Apesar de resistências de setores ao centro que integraram a “frente ampla” na campanha de Lula, nomear Pochmann no IBGE é uma vitória do grupo mais ideológico do PT. Mas é considerada mais fácil delas. O desafio de emplacar Guido Mantega na Vale é considerado “complexo” até por ministros do governo cientes das tratativas.

O ex-ministro da Fazenda é nome rechaçado no mercado e inclusive entre setores do partido, por ser o pai da chamada “nova matriz econômica” que derrubou a economia sobretudo no governo Dilma Rousseff. No governo de transição, Mantega teve de deixar grupo de trabalho de planejamento econômico diante da forte reação negativa do mercado.

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O ex-ministro Guido Mantega, há 23 anos, no aniversário de 64 anos do presidente Lula em Brasília. Ao lado deles, a ex-primeira-dama Marisa Letícia.  Foto: CELSO JUNIOR/AE

Por outro lado, o maior acionista privado da Vale, com poder de voto no conselho de administração, é o fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, e que pode ser influenciado pelos desejos políticos do presidente da República e seu entorno.

Gestão de Prates na Petrobras desagrada a Lula e PT

No caso da Petrobras, fontes do Palácio do Planalto asseguram que Lula não está nem um pouco satisfeito com o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Na avaliação do petista, Prates, ex-senador da sigla, foi “capturado pelos interesses do mercado financeiro”, segundo fontes, e não ajuda com vigor na missão de utilizar as estatais a serviço do desenvolvimento nacional - uma tônica da lógica desenvolvimentista do PT.

Além disso, existe a avaliação de que Prates não dá espaço para nomes da sigla em postos de relevância da companhia. O presidente da estatal ainda está em rota de colisão com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O combo, diz um petista, corrobora a tese de que Lula pode autorizar mudanças na Petrobras. Por ora, Jean Paul Prates está a salvo, mas o dirigente da empresa pode ter de dar abrigo a indicações do PT e de Alexandre Silveira, se assim o presidente mandar.

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