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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Por que Bolsonaro não vai conseguir transformar o PL num novo PSL

Cúpula do maior partido da Câmara avalia que comando de Valdemar Costa Neto blinda a sigla de estragos sofridos pela antiga legenda de Luciano Bivar

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Foto do author Roseann Kennedy
Atualização:

Parlamentares da bancada do PL na Câmara dos Deputados e dirigentes do partido não escondem a insatisfação com as cobranças de Jair Bolsonaro (RJ). Reclamam da insistência do ex-presidente em fazer “oposição por oposição”. Dizem que isso resultará num racha que dará ao partido o mesmo destino do PSL. A possibilidade é rechaçada pela cúpula da legenda.

Como mostrou a Coluna, o ex-presidente já é considerado um “pato manco”. Isso porque, mesmo depois de reunião em Brasília, Bolsonaro ignorou o apelo de parte da bancada de deputados federais e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para aprovar a reforma tributária.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Partido Liberal/Divulgação

“Os bolsonaristas vão fazer do PL um novo PSL, encheram o Valdemar Costa Neto de dinheiro e vão rachar o partido se continuarem insistindo com esse radicalismo”, disse um dos membros da legenda à Coluna, sob reserva. Isso ocorreu logo após o ex-presidente insistir em fechar questão contra a reforma tributária, já aprovada na Câmara.

Partido de direita “com espírito fisiológico”

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O dirigente diz que, se continuar assim, a legenda acabará como o União Brasil, no sentido de ter um perfil de direita, mas “com espírito fisiológico”. Um deputado do Nordeste também reclamou: “Bolsonaro precisa entender que só fala, de fato, para 50 deputados. Apoio o presidente, mas sou do PL raiz, de Valdemar. A cobrança só reforça o racha entre essas duas alas”.

O temor entre a ala menos radical do PL é um recrudescimento de Bolsonaro por causa da sua inelegibilidade, no sentido de exigir resistência a qualquer pauta apresentada ou defendida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso poderia causar uma debandada no partido.

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Um membro da alta cúpula do PL, porém, enxerga diferente. Diz que o partido nunca poderia se tornar um PSL porque é comandado pelo experiente Valdemar Costa Neto. Além disso, aponta que a força de Bolsonaro em 2023 é muito menor que a de 2019, quando tinha acabado de ser eleito. O contexto também faz toda a diferença: o PL abrigou Bolsonaro quando ele estava mal avaliado nas pesquisas e tinha fracassado em criar o seu próprio partido (Aliança pelo Brasil).

Outro ponto citado é que o PL de Valdemar era maior que o PSL de Luciano Bivar, que se tornou relevante somente com a eleição de 2018, turbinado com assentos no Congresso pela vitória de Bolsonaro.

Bolsonaro sem apoio

Uma das provas de que Bolsonaro não consegue unir a bancada do PL foi a falta de apoio num projeto para anistiá-lo. O deputado Sanderson (PL-RS) propôs derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente inelegível por 8 anos. A proposta foi apresentada inicialmente com 50 assinaturas, incluindo político de outras legendas, como MDB e União. Mas nem a metade do PL aderiu: o partido tem a maior bancada da Câmara com 99 integrantes.

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