A advogada Janaina Paschoal afirmou nesta terça-feira, 25, que considera um sinal de “demonstração de respeito” ao Supremo Tribunal Federal (STF) a presença inédita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no auditório da Primeira Turma da Corte, que julga se tornará réus Bolsonaro e aliados. Professora da Universidade de São Paulo (USP) e vereadora de São Paulo, Janaina foi uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Bolsonaro surpreendeu até aliados ao chegar ao auditório da Primeira Turma do STF, poucos minutos antes do início da sessão. O ex-presidente está sentado na primeira fileira, ao lado dos advogados.
“Direito e demonstração de respeito à Corte”, disse Janaina à Coluna do Estadão. Mais cedo, em mensagem de WhatsApp, o ex-presidente fez diversas críticas ao julgamento: “aberração jamais vista”, “total cerceamento da defesa” e “vergonha” foram alguns dos termos citados por Bolsonaro.

Questionada sobre essas declarações de Bolsonaro, Janaina Paschoal afirmou: “As críticas dele não foram mais duras que as dos petistas ao julgamento do mensalão, inclusive com referências pesadas ao ministro relator, Joaquim Barbosa”.
Ex-ministro da Justiça, o advogado Miguel Reale Júnior, outro autor do pedido de impeachment de Dilma, concordou com Janaina. “Não há qualquer confronto. É direito do réu (ir ao julgamento)”, disse Reale Júnior.
Uma avaliação na mesma linha foi feita pelo advogado Renato Ribeiro de Almeida, doutor em Direito do Estado pela USP. “Vejo como normal (a presença de Bolsonaro). A sessão é pública e ele, na condição de cidadão, pode acompanhar. Isso não vai interferir na decisão dos ministros”, afirmou Almeida.
Nesta terça-feira, 25, a Primeira Turma do STF começa a julgar o “núcleo 1″ da trama golpista identificada pela Polícia Federal (PF) e denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Os ministros vão definir se tornam réus Bolsonaro e outros sete denunciados que são ex-ministros de Estado, deputado federal e militares de altas patentes. Fazem parte do colegiado os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.