O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel, senador Carlos Viana (Podemos-MG), vai propor a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, para que expliquem “por que o governo Lula optou por não condenar abertamente o Hamas” pelos ataques realizados no último sábado, 7. O parlamentar acusa o Itamaraty de ter sido omisso em relação ao grupo radical.
“(A convocação é) para que eles deixem bem claro qual é a posição da diplomacia brasileira em relação ao conflito, porque a nota divulgada pelo Itamaraty, ao nosso ver, não condena os atos terroristas. Não cita o Hamas e não dá clareza da gravidade da situação que foi atacar idosos e crianças. Ao nosso ver, o Ministério das Relações Exteriores foi omisso”, disse Viana à Coluna.
O senador é aliado ex-presidente Jair Bolsonaro. Como mostrou a Coluna, o conflito armado na Faixa de Gaza e em Israel reviveu nas redes sociais o tiroteio entre bolsonaristas e aliados de Lula. Os dois lados trocaram acusações sobre suposto apoio às ações do Hamas ou das forças militares de israelenses.
A nota divulgada pelo Itamaraty diz que “o Brasil condena os ataques contra civis” e destaca que os dois lados do conflito “devem se abster da violência contra civis e cumprir suas obrigações perante o direito internacional humanitário”.
A ideia de convocar Vieira e Amorim tem como objetivo principal pressionar a diplomacia brasileira a condenar o Hamas em vez de seguir pela via de solidariedade às vítimas israelense e palestinas. O assessor especial da Presidência chegou a se manifestar contra a ação dos radicais, mas assinalou que o ataque foi fruto de anos de tratamento discriminatório praticado pelo Estado de Israel.
Caso aprovada, a oitiva dos dois auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área internacional será conduzida na Comissão de Relações Exteriores do Senado. O Grupo Parlamentar Brasil-Israel não tem competência para colher depoimentos, pois funciona apenas como um fórum de fortalecimento das relações bilaterais entre os dois Países.
O Grupo tinha uma viagem marcada para Israel na próxima terça-feira, 10, mas foi orientado pela Embaixada do País a remarcá-la para março do ano que vem. Os parlamentares brasileiros passariam nove dias em cidades israelenses.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.