Durante o recesso informal, a deputada Sâmia Bomfim (SP) procurou colegas do PSOL e protocolou representações no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, pedindo a cassação de Ricardo Salles (PL-SP) e o Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS). Trata-se de novo capítulo na guerra de representações que toma a CPI do MST.
Nas representações, o PSOL aponta que Ricardo Salles, relator da CPI do MST, e Zucco, presidente do colegiado, usam o próprio Conselho de Ética da Câmara como arma política para intimidação. Sâmia, por sua vez, é alvo de uma representação por desrespeitar o tempo de fala dos demais integrantes da CPI.
As representações do PSOL imputam a Salles e Zucco a prática de violência política de gênero, com uso de ameaças e intimidações. Eles negam.
À Coluna, Salles disse que as deputadas do PSOL “agridem deslavadamente os colegas e depois fingem ser vítimas”. Zucco afirma que a atuação de Sâmia extrapola “todos os limites da civilidade e do respeito” com os colegas.
Na CPI, há um embate constante entre a bancada feminina do PSOL, formada por Sâmia, Luciene Cavalcante (SP) e Talíria Petrone (RJ), e a mesa do colegiado. Bate-boca, provocações e acusações de silenciamento com corte de microfone são recorrentes nas sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito.
A posição animosa do PSOL, inclusive, já inviabilizou acordos costurados pela própria base governista com a mesa. Conforme mostrou a Coluna, o governo faz de tudo — e até entregou G. Dias — para evitar a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
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Na penúltima sessão, o relator pediu destaque nas notas taquigráficas após uma discussão, com intuito de a comissão redigir representação contra as deputadas. O partido também reclama de publicações do ex-ministro em redes sociais contra a deputada Sâmia.
A representação também acusa o deputado Zucco de “misoginia”. De acordo com o PSOL, o presidente da comissão “deixou” o deputado General Girão (PL-RN) falar que respeita as mulheres porque são “responsáveis pela procriação e harmonia da família”. O partido afirma que a falta de críticas da mesa da CPI à declaração mostra que a violência de gênero está normalizada no colegiado.
A resposta do relator da CPI do MST, Ricardo Salles:
“Estratégia de vitimização. Agridem deslavadamente os colegas e depois fingem ser vítimas”.
A resposta do presidente do tenente-coronel Zucco, na íntegra:
“Mais uma vez o PSOL tenta judicializar o trabalho legislativo para tentar impor uma narrativa mentirosa de perseguição a parlamentares da sigla. A atuação da deputada Sâmia Bomfim extrapolou todos os limites da civilidade e do respeito para com seus pares. As imagens coletadas na última sessão, realizada no dia 12 de julho, não deixam dúvidas de onde partiram os gritos, ofensas, acusações e interrupções contra integrantes deste colegiado. Mais lamentável ainda é a utilização da estratégia rasteira de vitimização. Sempre com a acusação leviana da prática de violência política de gênero. A presidência desta CPI tem se pautado exclusivamente pelo Regimento Interno da Casa, pelo qual todos os parlamentares devem receber o mesmo tratamento, independente de gênero, credo ou raça”.
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