Decidido a conquistar a vaga de vice para só então consolidar seu apoio à reeleição do atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), como mostrou a Coluna do Estadão, o PT iniciou uma corrida para garantir o título de cidadão recifense ao deputado federal Carlos Veras. Cotado para formar chapa com o socialista, ele é natural do Sertão e não tem recall na capital, na avaliação dos correligionários.
Não é necessário ter título de cidadão para concorrer à prefeitura da cidade, mas o reconhecimento seria uma forma de cacifá-lo politicamente na cidade. Veras é ligado ao senador Humberto Costa (PT-PE) e único deputado federal do PT em Pernambuco. Ele tem sua base política ligada à agricultura familiar e lutas do campo.
O projeto para dar a cidadania recifense ao deputado foi apresentado pela vereadora Liana Cirne (PT-PE), que também chegou a ser cotada para ser vice de João Campos. Atualmente, a disputa interna do PT para a vice de João Campos está entre Carlos Veras e o ex-vereador Mozart Sales, assessor especial do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Mozart recebeu o título de cidadania do Recife em novembro do ano passado.
Veras vem estreitando seus laços com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde 2018, quando foi eleito deputado federal pela primeira vez. Na pré-campanha de 2022, Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, batizaram os filhos do deputado quando o casal visitou o Recife.
PT e PSB tentam superar histórico de atritos em Pernambuco
Pernambuco é um Estado que, nas últimas eleições, distanciou o PT e o PSB. O próprio João Campos, em 2020, venceu a eleição municipal apostando no antipetismo para derrotar Marília Arraes, então candidata pelo Partido dos Trabalhadores. Agora, João vê na relação com o presidente Lula um trunfo para garantir a reeleição na capital pernambucana, já que a direita deverá ter como candidato o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL).
Mesmo em 2022, quando o PT apoiou o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral, houve disputa. Parte do PT foi com Marília Arraes, que deixou a legenda e se candidatou pelo Solidariedade, chamando para si o eleitorado lulista.
Além disso, a atual vice-prefeita, Isabella de Roldão, vem sendo isolada na gestão municipal por causa dos gestos de aproximação entre o seu partido, o PDT, e a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
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