O PT fará uma ofensiva nas próximas semanas para tentar impedir o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que o parlamentar, se efetivado no cargo, “usará a colegiado como instrumento da extrema direita global”, com o objetivo de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Corte por tentativa de golpe de Estado.
Líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ) ressalta que Eduardo, caso assuma a comissão, terá acesso a informações e documentos privilegiados da relação do Brasil com outros países. Os petistas acusam o filho de Bolsonaro de tentar articular com integrantes do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Procurado, Eduardo não comentou.
“Ele quer utilizar institucionalmente a Câmara dos Deputados nessa articulação da extrema direita, principalmente para atacar a soberania brasileira, a justiça, o Supremo. A questão central dele é o julgamento do Bolsonaro. Vão usar isso como plataforma internacional”, disse Lindbergh à Coluna do Estadão.
A ofensiva ocorre em várias frentes. Os petistas já protocolaram representações no Conselho de Ética da Câmara e na Procuradoria-Geral da República (PGR), com o argumento de que ele estaria “incitando retaliações” dos Estados Unidos contra o Brasil e o STF. Desde a posse de Trump, Eduardo visitou o país 3 vezes.
Os petistas também farão um esforço para convencer os parlamentares de que é preciso alguém mais moderado no posto na Comissão, mas sabem que terão dificuldade para impedi-lo de assumir. Por ser a maior legenda da Casa, com 92 deputados, o PL tem direito a escolher um colegiado para presidir antes de todos os outros partidos, e dificilmente a sigla abriria mão dessa prerrogativa.
Se o filho de Bolsonaro de fato for eleito presidente do colegiado, a bancada do PT terá o enfrentamento a Eduardo na comissão como uma de suas prioridades neste ano. “Vamos formar um batalhão dos melhores quadros na Comissão de Relações Exteriores. Formar maioria para tentar inviabilizar qualquer política dele para tentar transformar a comissão em disseminadora de teses da extrema direita”, afirmou Lindbergh.

Na quinta-feira, 27, o PT acionou o Conselho de Ética da Câmara contra Eduardo. O partido acusou o parlamentar justamente de tentar, por meio de articulações nos EUA, constranger o STF e “criar embaraço” às investigações conduzidas por Moraes sobre Bolsonaro.
Os petistas dizem que, desde a posse de Trump na Casa Branca, Eduardo esteve três vezes nos Estados Unidos com o objetivo de articular com deputados republicanos um projeto de lei para impedir Moraes de entrar naquele País.
A ação do PT no Conselho de Ética pede abertura de processo disciplinar contra Eduardo, que ele seja intimado e chamado a depor no colegiado. O documento foi encaminhado após Lindbergh entrar com ação na contra o filho de Bolsonaro por ataque à soberania.