Eleito vereador de Belo Horizonte com a maior votação da história do PT de Minas, Pedro Rousseff tem um diagnóstico para a perda de tração da esquerda na disputa municipal. Para o administrador de empresas, o PT precisa abandonar o discurso identitário, focar na pauta econômica e renovar suas lideranças, ou não chegará forte para as eleições presidenciais de 2026.
“Temos de mudar o PT por dentro. Não adianta adotar o discurso de renovação se os novos quadros não fazem parte das decisões do partido. O PT, para crescer, tem que renovar. Os quadros mais antigos têm que dar espaço para as novas lideranças. É um movimento que eu, como vereador, vou batalhar dentro do partido”, afirmou Pedro Rousseff à Coluna do Estadão.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Ser sobrinho-neto da ex-presidente Dilma fez diferença na sua eleição?
O apoio dela e o sobrenome refletiram em muitos votos. A Dilminha é minha principal conselheira política. Ouvi muitos comentários de que a nossa eleição é como uma reviravolta a tudo que fizeram com ela [Dilma]. É como se as contas estivessem sendo pagas em parte, porque uma eleição para vereador não paga o que fizeram com ela.
O PT obteve um desempenho frustrante para muitos militantes nas essas eleições municipais. Qual foi o segredo da sua grande votação?
Eu tenho 24 anos, uma política diferente do PT nas redes sociais e o apoio da Dilminha. É o que ela sempre fala comigo: o PT precisa renovar ou morre. O PT teve alguma renovação nessas eleições, mas mesmo assim foi um desafio grande, porque não conseguiu renovar no Brasil inteiro e perdemos espaço por isso. E alguns no PT têm um discurso que não tem mais apelo.
O candidato Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, percebeu isso e até lançou uma “Carta ao povo paulistano”...
O Boulos está tentando fazer esse movimento na reta final. Sair do discurso identitário que prevaleceu na esquerda nos últimos anos. A nossa eleição foi muito no sentido contrário, de voltar às pautas que importam para o povo: emprego, renda, empreendedorismo social, cuidar de quem mais precisa e fazer o embate com a extrema direita. Precisamos abandonar o discurso identitário.
O PT terá de fazer mais alianças com o centro?
Para 2026, com certeza. Temos de ter uma grande aliança com o campo democrático. O PT não vai eleger presidente sozinho. Para termos sucesso em 2026, a política dentro do PT tem que mudar. Temos que mudar o PT por dentro. Não adianta adotar discurso de renovação se os novos quadros não fazem parte das decisões do partido. O PT, para crescer, tem que renovar. Os quadros mais antigos têm que dar espaço para as novas lideranças. É um movimento que eu, agora, como vereador, vou batalhar dentro do partido.
Muitos petistas dizem que o partido errou ao lançar candidatura própria em Belo Horizonte e não ter apoiado a reeleição de Fuad Noman (PSD) no primeiro turno. O senhor está nesse time?
Eu sou do time que respeita as decisões do presidente Lula. Ele não colocou nenhuma pontuação para nós em relação a apoiar o Fuad. Então, o diretório municipal decidiu por ter candidatura própria.
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