Um racha interno no MDB trava, há quase três meses, a definição do novo secretário executivo do Ministério das Cidades. A pasta é responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida, uma das vitrines do governo Lula. Nos bastidores, a informação é que o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), tenta alçar ao cargo o secretário nacional de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, Carlos Tomé. O ministro Jader Filho (MDB), seu correligionário, porém, resiste ao nome e quer alguém mais próximo a ele.
Procurado, o Ministério das Cidades não comentou. Isnaldo Bulhões não retornou aos contatos da reportagem.
Em 11 de janeiro, Jader Filho demitiu Hildo Rocha da secretaria executiva, após divergências na execução de emendas parlamentares da pasta. Rocha era uma indicação do MDB da Câmara. Desde então, o cargo de “vice-ministro” das Cidades está vago. Interinamente, é ocupado por Antonio Vladimir Moura Lima, que não deve ser efetivado.
Um nome cogitado por Jader Filho para tornar-se seu braço direito é o do assessor especial Helder Melillo Lopes Cunha Silva. Nesse caso, o problema está no PT, que torce o nariz para a ideia. O assessor especial é servidor de carreira da pasta, mas foi secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Regional no governo Jair Bolsonaro.
O impasse entre o ministro e o líder do MDB não tem prazo para acabar, e a secretaria executiva do Ministério das Cidades, apesar de sua importância, está longe de ser uma preocupação de primeira hora do Palácio do Planalto, mergulhado na crise da Petrobras.
Apesar de manifestarem boa relação em público, Jader Filho e Isnaldo Bulhões não são próximos. O líder da bancada emedebista na Câmara trabalhou para o deputado José Priante (MDB-PA) assumir o Ministério das Cidades. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contemplou o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ao escolher seu irmão para o cargo.
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