A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge se movimenta nos bastidores para assumir uma cadeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar do recesso do Judiciário, Dodge tem mantido conversas com ministros da Corte, em busca de votos para integrar a lista tríplice que será entregue até maio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva — com quem a ex-PGR deseja marcar uma audiência. Procurada, Raquel Dodge não se manifestou.
O processo funciona da seguinte maneira: os Ministérios Públicos vão encaminhar ao STJ, até maio, nomes de procuradores para a vaga deixada pela agora ministra aposentada Laurita Vaz. Os 33 magistrados, então, se posicionam e os três mais votados vão à análise do presidente da República, que indica um deles ao Senado. A Casa dá a palavra final.
A preço de hoje, Raquel Dodge, com bom trânsito no STJ por sua passagem na PGR, é vista como favoritíssima para integrar a lista tríplice — a dificuldade maior será quando a sua eventual indicação chegar à mesa de Lula.
Quem conversou com a ex-PGR nos últimos dias afirma que ela tem dois pontos a seu favor. O primeiro deles é já ter sido aprovada pelo Senado para o comando do Ministério Público, o que facilitaria o beija-mão entre parlamentares.
O segundo é ser persona non grata entre os procuradores da extinta Operação Lava Jato, sempre criticados por Lula e seu entorno. Em 2019, a equipe da força-tarefa fez um pedido de demissão coletiva em protesto à atuação da então procuradora-geral.
Raquel Dodge, no entanto, tem um calcanhar de Aquiles para conseguir a indicação de Lula: ela foi indicada ao cargo pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), a quem o petista chama de “golpista” por ter participado da articulação que cassou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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