Relatora da CPMI do 8 de janeiro e integrante da base do governo federal, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) quer fechar o cerco aos militares agendar os depoimentos ao colegiado dos generais Gonçalves Dias (ex-ministro de Lula, demitido em abril), Augusto Heleno (ex-ministro de Jair Bolsonaro) e Gustavo Henrique Dutra de Menezes (ex-chefe do Comando Militar do Planalto).
A comissão tem sido criticada por poupar as Forças Armadas. Levantamento feito pela Coluna aponta que 31 militares foram alvo na CPMI do 8 de janeiro de requerimentos de convocação, quebra de sigilo ou pedidos de informação. Mas nenhum general foi prestar depoimento até agora.
A situação, no entanto, começa a mudar. Nesta terça-feira, 22, ela quer aprovar a quebra de sigilo telefônico e telemático do general Paulo Sergio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro de Bolsonaro, para depois pensar em convocação. O militar foi acusado pelo hacker Walter Delgatti de ter se encontrado com ele para falar sobre urnas eletrônicas.
A Coluna questionou Eliziane sobre a possibilidade de convocar à CPMI Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército substituído pelo presidente Lula após o 8 de janeiro. “Temos três outros generais que precisam dar explicações neste instante: G Dias, Augusto Heleno e o Dutra. Não concordamos com o encaminhamento da oposição que desvia o foco daquilo que é essencial neste instante: saber a participação de cada um destes personagens acima citados para dar as devidas respostas nos eventos que investigamos”, respondeu a relatora.
Além dos três generais citados pela relatora, a CPMI também já aprovou a convocação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil que concorreu como vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. Ele, porém, tampouco prestou depoimento até agora.
A cautela para não convocar todos de uma vez acontece porque, como mostrou a Coluna, a cúpula militar está de olho no avanço das investigações. O presidente Lula se reuniu no último sábado, 19, com os comandantes das três forças, numa agenda extraoficial, acompanhada pelo ministro da Defesa, José Múcio. Oficialmente, eles discutiram planos envolvendo Orçamento da União para os militares, mas as investigações na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito também foram assunto do encontro.
Militares na mira da CPMI
Também já tiveram requerimentos de convocação aprovados: o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o coronel Antônio Élcio Franco Filho, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro; o sargento Luís Marcos dos Reis, que movimentou valores milionários e repassou parte a Mauro Cid; e o coronel Jean Lawand Jr. Desses, somente Cid e Lawand prestaram depoimento na CPMI.
Há outros militares que já estão na mira do colegiado, mas ainda não foram convocados. É o caso de Osmar Crivelatti, que era considerado “braço direito” de Mauro Cid e é um dos assessores pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro. A comissão já recebeu o sigilo telemático do segundo-tenente, mas aguarda o relatório de inteligência financeira. A possibilidade da sua convocação, adiantada pela Coluna, causa preocupação na cúpula do Exército.
Veja os requerimentos já aprovados na CPMI que envolvem militares:
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