O movimento “Uma por Todas e Todas por Uma”, que reúne lideranças femininas da Caixa em todo o País, lançou um manifesto para se somar à defesa da presidente do banco público, Rita Serrano, que pode perder o cargo para dar espaço ao Centrão no governo.
No documento, o grupo pede união contra “ameaças sofridas por nossas companheiras de luta”. “Nenhum passo atrás, Rita Fica!”, defende o coletivo, formado para dar apoio às mulheres que sofreram assédio na Caixa durante a presidência de Pedro Guimarães, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para as signatárias, a participação das mulheres nas instâncias de poder vem sendo atacada. O texto cita, além da ameaça à presidência da Caixa, a chance de a ministra do Esporte, Ana Moser, ser demitida para abrigar o Republicanos.
“Essa disputa pela ocupação masculina dos espaços de poder agora atinge a presidenta da Caixa, que a todo momento se vê exposta à ameaça de perda do cargo para liberar espaço para homens oriundos de partidos não alinhados à base do governo”, diz o manifesto.
Assinam o texto mulheres como Fernanda Anjos, presidente da Associação dos Gerentes da Caixa Econômica Federal de São Paulo (Agecef-SP), e Maria Oliveira, presidente do mesmo órgão no Rio de Janeiro.
Rita Serrano tem se movimentado para ficar no cargo. Embora nos bastidores a demissão da dirigente seja dada como certa, e a nomeação de Gilberto Occhi como “muito provável”, Rita Serrano conta com o apoio dos funcionários do banco e com o movimento das mulheres para não entrar no bloco de ofertas do Planalto que deve selar o embarque do Centrão no governo Lula.
Ligado ao PP do presidente da Câmara, Arthur Lira, Occhi foi presidente da Caixa no governo do ex-presidente Michel Temer, chamado de “golpista” pelo PT. Também comandou o Ministério das Cidades na gestão Dilma Rousseff.
Leia o manifesto na íntegra:
“Recentemente nosso país aprovou a lei de equidade de salários entre mulheres e homens. Precisou de uma lei para reconhecer o simples: trabalhos iguais merecem rendas iguais. Isto segue a tendência de vários países que têm reconhecido os acertos de mulheres no comando e nos espaços de gestão. Equilíbrio, sustentabilidade, respeito com a vida. Estas conquistas e reconhecimento estão sendo ameaçados na prática.
Desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, temos visto a misoginia de forma mais explícita e sem vergonha. É Nísia Trindade, é Ana Moser e assim vai. Em todas as instâncias de poder, a participação da mulher vem sendo atacada: cinco deputadas vem sendo ameaçadas de perder o mandato por defender os direitos dos povos originários. Entre elas, Érika Kokay, deputada federal e colega de Caixa, sempre à frente da defesa dos direitos elementares da vida e das pautas da Caixa.
A Caixa, grande instituição do país, dirigida por uma mulher, também foi colocada nesta disputa de não permitir que a equidade, o respeito e a transparência sejam as regras cotidianas de escolhas de ocupação dos espaços de poder.
Rita Serrano, presidenta da Caixa, tem buscado construir espaços de respeito e governança para a execução das políticas públicas com compromisso social e sustentabilidade para todos e todas.
Neste momento, conclamamos a todas as mulheres a se unirem e se manifestarem contra as ameaças sofridas por nossas companheiras de luta.
Nenhum passo atrás, Rita fica!
Assinam:
- Fabia Lê Lonnes (Presidente da Agecef/PI)
- Fabiana Uehara Proscholdt (Secretária de Imprensa do Sindicato dos Bancários de Brasília)
- Fernanda Anjos (Presidente da Agecef/SP)
- Giuliana Pardini (Presidente da Agecef/BH)
- Iara Sanny (Vice-presidente da Agecef/PB)
- Janaina Corta (Diretora da Agecef/BH)
- Joana Lustosa (Presidente da Agecef/AP)
- Leny Valadão (Diretora da CUT)
- Maria Oliveira (Presidente da Agecef/RJ)
- Márcia Kummer (Comitê Popular em defesa da Caixa de Brasília)
- Mariana Santos (Diretora Agecef/RJ)
- Rafaela Gomes (Secretária de Saúde e Condições de Trabalho da FETEC)
- Sonya Eymard (Diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro)”
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