Após uma longa “queda de braço” interna, o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, conseguiu emplacar na liderança da Câmara o deputado Pedro Lucas (MA). Com essa vitória, o dirigente partidário, que ascendeu no ano passado ao comando da legenda, acumula ainda poder. Além de presidir a sigla, ele também mantém influência sobre a tesouraria, que é chefiada por Maria Emília de Rueda, sua irmã. Procurado, Rueda não respondeu.
A escolha do nome para a liderança do União na Câmara, normalmente um assunto que diz respeito apenas à Casa legislativa, tornou-se estratégica para a correlação de forças nacional da sigla. A ala do antigo DEM se insurgiu contra o candidato de Rueda e preferia nomes como o de Mendonça Filho (PE) e o de Damião Feliciano (PB).
O argumento dos egressos do DEM para tentar evitar que Pedro Lucas se tornasse o líder era, justamente, o fato de que isso significaria um poder interno ainda maior para Rueda. Mas, no fim das contas, o presidente da sigla conseguiu convencer a maioria da bancada a apoiar seu candidato.
O União fez uma extensa reunião nesta sexta-feira, 31, para escolher o novo líder. O acordo costurado pelos parlamentares prevê a indicação de Elmar Nascimento (União-BA) para a Mesa Diretora da Câmara, na chapa de Hugo Motta (Republicanos-PB). O deputado, que foi preterido por Arthur Lira (PP-AL) na sucessão, concorrerá neste sábado, 1º, para o cargo de 2º vice-presidente da Casa.
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O União foi formado em 2021 a partir da fusão entre o DEM e o PSL, mas as diversas alas da sigla vivem um racha. No ano passado, o então presidente Luciano Bivar (PE) foi substituído por Rueda. Os dois eram aliados mas romperam relações.
Na semana passada, como mostrou a Coluna do Estadão, o Conselho Curador do partido aprovou a prestação de contas da Fundação Índigo, presidida por Antonio Carlos Magalhães (ACM) Neto, mas somente depois de um impasse no Conselho Fiscal, que é uma instância decisória inferior. Um ala da legenda chegou a pedir intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) no caso.
Além disso, o partido é assombrado pelo caso do empresário baiano Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, acusado de um esquema de desvio de emendas. As investigações têm potencial para implodir a sigla e abalar os rumos das próximas eleições, na avaliação de caciques políticos. Esse desfecho teria mais efeito em 2026, já que o processo deve se arrastar ao longo deste ano.