A noite da última quarta-feira (24) foi de muita conversa no Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu um grupo de senadores e a orelha do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), certamente esquentou.
A reunião não foi registrada na agenda oficial do presidente da República. A explicação está no tema. Lula recebeu conselhos para se aproximar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como forma de fazer um contraponto à força política de Lira no Congresso. Foi alertado a manter conversas frequentes com Pacheco e a procurar mais o senador, pelo menos a cada 15 dias.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) estavam no encontro, que também contou com a presença dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).
Ganhar a simpatia de Pacheco garantiria a Lula segurar, no Senado, as dores de cabeça criadas pelo Centrão para o governo na Câmara.
Os senadores ressaltaram, por exemplo, que Lira já conseguiu avançar sobre o Salão Azul, e fechar acordos até mesmo com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que mobilizou a bancada para apoiar a escolha do deputado Arthur Maia (União-BA) para a presidência da CPMI do 8 de Janeiro.
Com três ministros na atual gestão, Alcolumbre também atuou para esvaziar o Ministério de Marina Silva e opera nos bastidores pelo nome de Luís Felipe Salomão para o Supremo Tribunal Federal, mesmo sabendo que Lula prefere o advogado Cristiano Zanin.
Alcolumbre é aliado de primeira hora de Pacheco e a avaliação é que nada do que ele faz ocorre sem aval do mineiro.
O chacoalhão dos senadores já surtiu efeito. No mesmo dia, Lula telefonou para Pacheco e o convidou para uma “carona” de avião até São Paulo. “Se o Lula estava desinformado, agora ele está”, resumiu um dos presentes no encontro.
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