As declarações do senador Marcos do Val (Podemos-ES) reativaram o debate, no Senado, sobre a abertura da CPI dos Atos Antidemocráticos. Governistas como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendiam a investigação, mas mudaram de ideia após Lula (PT) rejeitar a iniciativa. Já aliados como Renan Calheiros (MDB-AL) seguem na defesa da abertura da comissão.
A cautela dos governistas, neste momento, se deve ao que consideram ser uma “arapuca”. Eles creem que a oposição pode usar o colegiado para desacreditar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e usá-lo para fazer ataques ao Judiciário.
Marcos do Val relatou, em live na madrugada desta quinta, uma reunião que teve com Jair Bolsonaro e com o ex-deputado Daniel Silveira, em que discutiram grampear o ministro Alexandre de Moraes com o intuito de colher informações que pudessem desestabilizar o País e ensejar um golpe de Estado. Do Val teria informado Moraes sobre o encontro e pedido sua opinião.
Alguns aliados do Palácio do Planalto, como Renan Calheiros, consideram que é melhor o governo tomar a iniciativa da CPI para colocar no centro da investigação Jair Bolsonaro, e não ficar sob o risco de ter uma CPI criada por oposicionistas.
Rogério Marinho (PL-RN), o desafiante de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado, teve 32 votos, cinco a mais do que o necessário para solicitar a abertura de uma CPI.
Mesmo com assinaturas suficientes, senadores do PT não creem, porém, que Rodrigo Pacheco (PSD-MG) dê andamento ao pedido e apostam na solução via conselho de ética. O comitê está parado há três anos e que serviu para investigar o mesmo Do Val meses atrás, quando ele admitiu que negociou apoio ao governo em troca de emendas do orçamento secreto.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.