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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Servidor da PGR suspeito de envolvimento com PCC é afastado para não ‘contaminar’ instituição

Pressão pelo afastamento partiu dos procuradores e subprocuradores e teve decisão na justiça; processo corre em segredo de justiça

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Atualização:

Suspeito de integrar o núcleo financeiro de um poderoso esquema de tráfico internacional de arma, que envolve o PCC e o Comando Vermelho, o servidor Wagner Vinicius de Oliveira Miranda, analista processual da Procuradoria-Geral da República, foi afastado do cargo, pelo menos enquanto duram as investigações, segundo informações obtidas pela Coluna. Além disso, o Ministério Público está fazendo uma varredura em todos os sistemas que ele acessou, para saber se chegou a alguma informação “mais sensível”. O processo corre em sigilo.

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A suspeita de ter um infiltrado desses grupos criminosos na Procuradoria Geral da República causou temor e apreensão entre os demais funcionários, segundo os relatos obtidos pela Coluna. Eles cobraram do Ministério Público o afastamento imediato, para evitar “contaminação” na imagem da instituição e também adotam um discurso de “contenção de danos”.

A afirmação recorrente é de que Wagner não atua em área que tenha relação direta com processos que envolvem traficantes e que, aparentemente, por não ser numa área criminal, isso diminuiria as chances de acesso à informações sigilosas. No entanto, também surgiu, imediatamente, a cobrança pelo aumento dos controles internos, por exemplo, para que haja alerta de “comportamento atípico” e de adoção de medidas de contrainteligência.

Operação Dakovo tem entre seus alvos servidor que era lotado na PGR e é suspeito de envolvimento com núcleo de 'laranjas' no tráfico Foto: Polícia F

Como revelou o Blog do Fausto, Wagner é um dos alvos da Operação Dakovo – investigação da Polícia Federal sobre o tráfico internacional de armas.

Wagner é listado como integrante de um grupo de pessoas que ‘figuram nos comprovantes de depósitos e que permitiram o uso de suas contas bancárias para o recebimento de pagamentos de armas e drogas por parte de criminosos no Paraguai’.

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Ele passou a ser investigado após a PF encontrar seu nome em meio à análise de dados de Angel Antonio Flecha Barrios, responsável por repassar armas ilegais importadas da Europa para as duas maiores facções brasileiras, PCC e Comando Vermelho.

A PF apura o envolvimento de Wagner com uma suposta operação financeira ligada a Angel. O servidor do MPF é sócio de duas empresas: a Steak House Restaurante e a Bravoshop plataformas de vendas online. Esta última, segundo a PF, seria uma empresa de fachada. Um outro sócio foi identificado como Raimundo Nascimento Pereira.

A PF apurou que Raimundo consta como sócio da empresa Bravo Brasil – ‘sem empregados registrados e sem funcionamento no endereço constante nos seus registros cadastrais’. Tanto a Bravo Brasil como a Bravoshop têm o mesmo e-mail e telefone no cadastro e foram abertas no mesmo dia.

COM A PALAVRA, A PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

“A investigação que está em andamento é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF na Bahia e segue sob sigilo.

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Não há denúncia criminal no caso ainda, o que não impede a aplicação de outras medidas. Desde o início da investigação, foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa.”

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