O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, tomou posse nesta quinta-feira em cerimônia marcada pela presença maciça das principais autoridades do País e foi cortejado até bolsonaristas, como o senador Carlos Portinho (PL-RJ) e a advogada do ex-presidente Jair Bolsonaro Karina Kufa.
Governadores, ministros do governo Lula, os comandantes das Forças Armadas, políticos de direita e esquerda, procuradores e magistrados prestigiaram a solenidade em um verdadeiro clima de frente ampla. Todos com foco, é claro, no beija-mão, o tradicional cumprimento ao empossado. Afinal, a cerimônia, controlada por um duro esquema de segurança após o trauma do 8 de janeiro, durou apenas 17 minutos, sem qualquer discurso. A festa para 500 pessoas será à noite, e a lista de convidados passou pelo crivo do próprio Zanin, nome a nome.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu feliz à posse de seu indicado, que o defendeu nos processos da Operação Lava Jato. Sentou-se ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem negocia uma reforma ministerial, e conversaram rapidamente ao pé do ouvido. Como esperado, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a presidente do Supremo, Rosa Weber, completavam a mesa solene com os demais ministros.
Na plateia, até figuras do bolsonarismo como Portinho e Karina Kufa. A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, usualmente identificada ao bolsonarismo, sentou-se logo atrás da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Ainda entre os presidentes de partido, Gilberto Kassab (PSD) e Bruno Araújo (federação PSDB-Cidadania) marcaram presença. O líder do governo na Câmara, José Guimarães, foi um dos primeiros a chegar ao STF. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não compareceu, e enviou como representantes Vicente Santini, que representa o Palácio dos Bandeiras em Brasília, e o próprio Kassab, seu secretário de governo.
Seja na fila do beija-mão, seja até ao longo da cerimônia, os presentes aproveitaram para conversar e negociar. Um parlamentar da base do governo explicava, antes da solenidade, que a votação do arcabouço fiscal na Câmara não depende somente da reforma ministerial, mas sim de um consenso sobre excepcionalizar ou não a da regra o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Presente à posse de Zanin, o governador do DF, Ibaneis Rocha, mostrou-se seguro de que sairá vitorioso nas tratativas, ou seja, de que o fundo ficará de fora do arcabouço. “Está tudo certo”, disse à Coluna.
Outro assunto que circulou no evento foi a aposta: quem será o próximo ministro a tomar posse na mais alta corte do País? Rosa Weber se aposenta em 2 de outubro, e Lula terá de indicar outra pessoa de sua confiança à vaga. Como mostrou a Coluna mais cedo, a posse de Zanin foi um “desfile” dos candidatos à próxima vaga: os cotados Flávio Dino, ministro da Justiça; Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU); e Jorge Messias, advogado-geral da União, inclusive, sentaram-se lado a lado.
Teve quem pegou voo só para a posse de Zanin, como o ex-governador de São Paulo João Doria, o ex-chanceler Aloysio Nunes e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, ex-ministro de Dilma Rousseff. Nas conversas de pé de ouvido, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, seu aliado político. Paes negocia seu vice para disputar as próximas eleições.
Acompanhado pela esposa, a advogada Valeska Martins, Zanin cumprimentou um a um na extensa fila do beija-mão, começando pelo presidente Lula e passando por todas as figuras políticas. Na posse, prometeu lealdade apenas à Constituição.
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