RIO – Com um histórico de ex-governadores com passagens pela cadeia e o último chefe do Executivo estadual alvo de um processo de impeachment, dois nomes despontam na disputa pelo governo do Rio com chances de ocupar o Palácio Guanabara pelos próximos quatro anos.
O governador Cláudio Castro (PL) buscará a reeleição após ter assumido o cargo com a queda do ex-juiz Wilson Witzel. Os dois foram eleitos na onda bolsonarista, em 2018, com as bênçãos do presidente.
Para ser eleito, Castro conta com os bilhões da concessão da Cedae (companhia de água e esgoto do Rio) para criar uma marca dos dois anos de administração. Tem ainda o apoio de Bolsonaro para impulsionar sua candidatura entre conservadores e evangélicos. Já a esquerda, aposta em Marcelo Freixo, que trocou o PSOL pelo PSB, para tentar chegar ao Palácio da Guanabara.
Em um cenário conflagrado de polarização federal entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), partidos e pré-candidatos buscam nos presidenciáveis uma tentativa de emular em solo fluminense o cenário nacional.
Pesquisa Genial/Quaest, divulgada no dia 17 do mês passado, traz Castro com 25% e Freixo (PSB), com 18%. Na sequência, vem o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), com 8%.
“Os movimentos dos candidatos a presidente e dos próprios postulantes ao governo do Estado já dão sinais de que a dinâmica nacional se repetirá no Rio de Janeiro.
Freixo quer contar com a popularidade de Lula, que aparece a frente nas pesquisas, e Castro com Bolsonaro, que contará com a máquina pública para a reeleição e um eleitorado conservador e evangélico no Estado”, diz.
O União Brasil ainda tenta uma candidatura, a do ex-governador Anthony Garotinho. Como em 2018, ele precisa ainda resolver pendências com a Justiça Eleitoral para ser candidato. O ex-governador já foi condenado duas vezes em segunda instância por improbidade administrativa e cooptação de votos. Isso o tornaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Garotinho aposta em um recurso pendente no Tribunal Superior Eleitoral para concorrer.
Lula e Bolsonaro trabalham para consolidar os palanques em solo fluminense para a eleição nacional. O PT vai apoiar Freixo ao governo e lançou o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano, ao Senado. Já Bolsonaro conta com a aliança de Castro e simpatia de parte do União Brasil.
Terceira via no Rio tem dificuldades
PDT, PSDB e PSD, encabeçados pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e pelo deputado federal Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, se reuniram para costurar uma aliança em torno do nome de Neves ou Santa Cruz. Um acordo chegou a ser firmado entre os partidos, que decidiram com base nas pesquisas o cabeça de chapa e vice.
Os partidos de Gilberto Kassab e de Carlos Lupi decidiram, no entanto, “em comum acordo” no início de abril desfazer a aliança. O PSD insiste na candidatura de Felipe Santa Cruz, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Com a chegada do ex-presidente da Câmara ao PSDB, uma ala ligada ao secretário de Infraestrutura e Obras do Rio, Max Lemos, vai sair do partido. Deve se dividir entre União Brasil e PL. O atual presidente do PSDB no Rio, deputado federal Otávio Leite, deixou o comando da legenda para que Maia assumisse o posto. Segundo Leite, a filiação do ex-presidente da Câmara contou com o apoio de Bruno Araújo, presidente nacional do partido, e deve fortalecer o tucanato no Estado.
“Maia vem com a chancela do comando nacional do partido. Vejo com bons olhos o nome de Rodrigo Maia no PSDB. Trata-se de um quadro qualificado, com capacidade de articulação”, diz Leite.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que o partido não descartava abrir mão da cabeça de chapa ao governo para seguir com a aliança com o PSD, dependendo do desempenho dos candidatos nas pesquisas. A decisão de romper o acordo, no entanto, foi tomada pela vontade do partido de Paes de consolidar o nome de Santa Cruz como postulante ao governo.
“Nosso candidato será o Rodrigo. Insistimos na tentativa de compor uma aliança com o PSD e com outros partidos do campo democrático para ampliar nossas possibilidades no Rio. Agora, seguiremos com a candidatura do Rodrigo”, diz Lupi.
“Estamos trabalhando para construir uma candidatura com experiência em gestão pública. Já fui testado à frente de Niterói. Acima da vaidade e interesses menores está a necessidade de reconstrução do Rio”, afirma Neves.
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