BRASÍLIA - O comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, criticou nesta quinta-feira, 25, o que chamou de “notícias infundadas e tendenciosas” e “verdades transfiguradas” sobre a corporação. Em evento para celebrar o Dia do Soldado, do qual participou o presidente Jair Bolsonaro (PL), o militar também falou em hierarquia e disciplina e disse que a instituição é “perpétua defensora dos interesses nacionais”.
“Soldado Brasileiro! Se, em algum momento, verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas tentarem manchar nossa honra, na vã esperança de desacreditar a grandeza de nossa nobre missão, lembrem-se de que a calúnia jamais maculou a glória de Caxias. O bravo guerreiro demonstrou que seu coração de pacificador era ainda maior que a formidável têmpera de sua espada invencível”, disse Gomes, em ordem do dia lida nesta quinta-feira no Quartel General do Exército, em Brasília (DF).
A declaração do comandante ocorre num momento em que Bolsonaro, candidato à reeleição, aumenta a ofensiva para colocar em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral, sem apresentar provas. Alguns setores da sociedade têm dúvidas sobre como as Forças Armadas se comportariam se o presidente se recusasse a aceitar o resultado da eleição caso perca em outubro. Bolsonaro não discursou hoje no QG do Exército.
Nos últimos meses, o Ministério da Defesa passou a questionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. As Forças Armadas chegaram a fazer sugestões para “melhorar” o sistema, que nunca apresentou falhas. Algumas foram atendidas pela Corte eleitoral. Na terça-feira, 23, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, se reuniu com o titular da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.
Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, mas atuou por quase 30 anos no Congresso, costuma associar sua imagem às Forças Armadas. O presidente chegou a falar, durante seu mandato, em “meu Exército”. Em maio de 2020, o chefe do Executivo sobrevoou, junto com o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, uma manifestação de apoiadores que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
No discurso lido hoje, o comandante do Exército pediu coesão e defendeu a hierarquia nas Forças. “Discípulos de Caxias! Mantenham a fé na missão de nossa Força! Continuem espelhando-se em nosso patrono, o marechal e glorioso Duque, sempre firmes e coesos, sob o sagrado manto da hierarquia e da disciplina, para que o Exército Brasileiro, perpétuo defensor dos interesses nacionais, permaneça servindo à Nação e seja reconhecido por seu patriotismo vibrante, pela busca da modernidade e pelo eficiente e permanente estado de prontidão na garantia de nossa soberania!”, declarou.
Além de Bolsonaro, participaram da cerimônia seu candidato a vice na chapa à reeleição, general Walter Braga Netto, o procurador-geral da República, Augusto Aras, os ministros Ciro Nogueira (Civil), Fábio Faria (Comunicações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Carlos França (Relações Exteriores).
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