Como funciona o Signal, app usado por militares para planejar morte de Lula, Moraes e Alckmin?

Mensageiro instantâneo é similar ao WhatsApp e ao Telegram, mas traz mais privacidade e segurança, dificultando monitoramento

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Foto do author Henrique Sampaio

O aplicativo de mensagens Signal foi a ferramenta de comunicação usada pelos militares presos na Operação Contragolpe, que revelou uma trama golpista que tinha como objetivo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Polícia Federal (PF), o plano foi arquitetado em um grupo secreto dentro da plataforma, chamado “Copa 2022″, em alusão à Copa do Mundo, que ocorreu naquele ano.

Criado em 2014, o Signal compartilha similaridades com WhatsApp e Telegram, mas é considerado o mais seguro dos três. Ao contrário de outras plataformas, o Signal armazena o mínimo possível de dados, não mantendo registros de mensagens, chamadas ou arquivos compartilhados. Ele só retém informações essenciais como a data e hora do último uso e o número de telefone do usuário, sem vincular a identidade de quem está utilizando o serviço. Esses atributos tornam o aplicativo altamente eficaz na preservação da privacidade.

Mensageiro Signal foi usado por 'kids pretos' para tramar plano golpista, segundo relatório da PF  Foto: Reprodução/PF

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Além disso, o Signal não exige dados pessoais além do número de telefone para autenticação, e não realiza backups na nuvem, o que impede que terceiros acessem ou monitorem o conteúdo. A plataforma também adota recursos de autodestruição de mensagens, permitindo que imagens, vídeos e textos desapareçam após um tempo determinado.

O Signal também oferece a capacidade de alterar o ícone do aplicativo e personalizar o nome. Para a segurança adicional, ele pode desfocar automaticamente rostos em fotos. Os usuários também podem se comunicar sem a necessidade de compartilhar seu número de telefone.

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‘Copa 2022′

Em 8 de dezembro de 2022, as linhas telefônicas utilizadas no grupo “Copa 2022″ foram ativadas no Signal. Os suspeitos receberam codinomes associados às seleções – Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana – para não revelarem suas verdadeiras identidades. De acordo com a Polícia Federal, as seis linhas telefônicas com chips da operadora Tim estavam associadas a números de CPF de terceiros.

Foi também por meio do Signal que eles trocaram mensagens em campo, durante uma possível tentativa de colocar em prática o plano de capturar Moraes. Um dos integrantes estava próximo à residência do ministro do STF quando escreveu: “Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”. Dois minutos depois, o usuário de codinome ‘teixeiralafaiete230′, apontado como líder da operação, responde “Abortar... Áustria... volta para local de desembarque... estamos aqui”.

De acordo com o relatório, “o contexto das mensagens trocadas indica que a ação desenvolvida tinha relação com a notícia do adiamento da votação que estava sendo realizada naquele dia no Supremo Tribunal Federal. No dia 15/12/2022, os ministros encerraram as atividades do plenário no início da noite”.

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